domingo, 26 de abril de 2015

MANIFESTO DESTEMPO: QUINZE É TREZE E VICE VERSA DE CAMBALHOTA

João Veras (15/03/15)

Não tenho encontrado posição na cama para sonhar...
Então fico de pé!
Curto, Comento, compartilho?
Engulo a seco ou peço pra sair da minha linha do tempo?
Nada disso...

Mas nem tudo é igual
Eu disse: nem tudo é desigual
Dois e dois não significa vinte e dois
Cinco e sete, sim, quer dizer cinquenta e sete
Como quase tudo pode ser claro se tudo é quase escuro?

Há mais de mil tons para pintar minha bandeira
E a gente se entende para além da falsa desonra
Tem rede mas não tem balanço – tem sede mas não tem copo
Pátria de remanso sempre esse povo de querer manso

No curral de cem milhões de cercas
não mastigo a direita vestida de esquerda
não degluto a esquerda vestida de direita
não me alimento de centro e seu guarda roupa de duas camisas
ando de corpo nu e olhar paralaxe

Esqueceram o céu e o buraco abaixo? E as transversais?
São tantos os furos ao longo do túnel!
Essas estrelas da manhã salpicando meu caminho
E eu ainda de pé cara a cara com o pesadelo
As palavras não mudam o real – elas alteram o imaginário (de quem?)

Alagação, por exemplo, basta falar que ela tudo corrompe
Saiu do noticiário empresarial, não mais existe
Só as contas da solidariedade oficial a distribuir dividendos
E o alagado enlameado de dívidas com o mercado
O mercado da feira e o mercado do voto
Mas não se aborreça, são os nós da imaginação
As notícias constroem o mundo

Diz a placa: não se deve tocar em arco-íris antes do registro fotográfico
Pois eu toco e nem tiro retrato
Bocejam para mim nessa grita mouca de história
não durmo enquanto bocejam
me contamino, contaminam-me eu já vacinado
estaciono no posto de troca de sangue
Completa! São sangues adulterados

Todo dia, toda hora, todo segundo
cobrado, cobrador
a favor e contra - contra a favor
Nem duas coisas nem dez, milhões
nada, tudo
É que nada e tudo ocupam o mesmo espaço
É que alguma coisa muda para se manter
É que alguma coisa é nada para ser tudo
É que, quando parece, é, ou não! (é?)

São 500 ladrões honestos no parlamento
São milhões de cães suspeitos no lamento da rua
Respeitáveis na luta para dar de comer a dúvida regada à certeza
Á dívida da nação à natureza
Cães suspeitos enrolados pela língua do discurso

Nesses mais de cinco séculos de correrias e de cinismos
Quinze mais treze pode ser vinte e oito, portanto nada que me interesse
Nem as partes, nem seu resultado que faz mal
A soma das mentiras não altera a ordem da verdade
Para essa locução da coisa pública, no dog center eu insisto: au, au, au!

Minha história sempre entra por uma porta e sai pela outra
Quem quiser que o mundo desacabe que conte outra
Quem não quiser que permaneça no estado em que se encontra
Que eu proclamo o resultado
Sem ponto final nem curtição

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