sábado, 23 de maio de 2015

O POETA E O PADEIRO

Raimundo Nonato

O poeta labora
Ao romper da aurora
Como o padeiro, na padaria
O poeta elabora sua poesia.

O padeiro amassa a massa
Com as mãos
O poeta tece o poema
No coração
O padeiro se esforça se agita
O poeta se acalma, medita.

Ao romper da aurora
O padeiro sua
O poeta chora
O padeiro amassa a massa
Com vigor
O poeta disfarça
Sua dor.

Enquanto todos sonham
Em seus aposentos
O padeiro e o poeta
Preparam o alimento:
Do corpo físico, o pão
E o poema, do coração.

Enquanto todos sonham
Na madrugada fria
O padeiro aquece o pão
O poeta, a poesia.

E, ao romper da aurora
Ao nascer de um novo dia
O poeta e o padeiro
Celebram na padaria
Há alimento para todos:
Há pão e há poesia.


NONATO, Raimundo. Sonhar... Voar... Viajar. Rio Branco: Fundação Elias Mansour, 2013. p.116

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