Em O Juruá Federal, obra datada de 1930, de autoria de José Moreira Brandão Castello Branco Sobrinho, juiz do 1º termo da comarca de Cruzeiro do Sul na época, trás importantes dados acerca da região acreana do Vale do Juruá, quando o Acre ainda era Território Federal. Uma das peculiaridades é o resgate histórico que o autor faz dos principais jornais que circulavam na época. Vejamos alguns deles:
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1. O Progresso – o primeiro número saiu no dia 7 de Septembro de 1904, e o último no dia 30 de Septembro de 1905. Foi o primeiro jornal impresso que houve no Alto Juruá, tendo sido publicado na foz do rio Amonea, no Seringal Minas Geraes. O seu número inicial coincidiu com a data da installação da Prefeitura do Alto-Juruá. Era hebdomadário, litterario, noticioso e humorístico, de pequeno formato, com quatro paginas e de tiragem inferior a 100 exemplares.
2. O Cruzeiro do Sul – foi fundado pelo ex-prefeito, coronel Thaumaturgo de Azevedo, tendo sido sempre órgão official do governo Departamental. Saiu pela primeira vez no dia 3 de Maio de 1906, sendo suspenso provisoriamente a 10 de Janeiro de 1915, por falta de papel apropriado. Voltou a circular no dia 14 de Fevereiro do mesmo anno. Seu último número tem a data de 1 de Março de 1918, por ter sido suspenso definitivamente de ordem do Ministro do Interior Carlos Maximiliano. Prestou grandes serviços ao Departamento e teve como redactores os principais jornalistas que hão passado por esta região, entre outros Manuel Fran Pacheco, Belisario de Sousa Filho, João Craveiro Costa, João Alfredo de Mendonça, Manuel do Valle Silva, Olegario da Luz Castro e Esmeraldo Coelho. Era semanário, tendo saído algum tempo duas vezes por semana, com quatro ou seis paginas.
3. O Rio Juruá – foi publicado em Villa Thaumaturgo, de 5 de Janeiro a 6 de Março de 1907. Semanário Litterario e humorístico.
4. O Alho – o primeiro número é datado de Janeiro de 1908, não precisando o dia. Era quinzenal, critico e humorístico, tendo o seu último número a data de 7 de Septembro de 1908.
5. O Mimo – foi mensal e bi-mensal, critico, noticioso e litterario e publicado em Villa Thaumaturgo de 11 de Julho de 1909 a 30 de Janeiro de 1910. Teve como redactores Leoncio Louzada, João Medeiros, Alexandre Sussuarana e José Castello Branco.
6. O Correio do Juruá – semanário noticioso e litterario, publicado sob a direção de Francisco Pereira e Homonono de Figueiredo, de 7 de Março de 1912 até o anno de 1913, não sabendo o mez.
7. O Alto Juruá – publicado de 12 de Agosto a 30 de Dezembro de 1913. Era órgão da Intendencia Municipal, semanário, noticioso e litterario, tendo como redactor Alfredo Cordeiro da Rocha.
8. O Bacurau – tinha como director Eulelio Theophilo e era humorístico, critico e litterario. Seu primeiro numero tem a data de 3 de Septembro de 1916, sendo seu último número do mesmo anno.
9. O Estado – desde a sua fundação obedece á orientação do Partido Autonomista do Alto Juruá, do qual é órgão. Foi seu fundador João Craveiro Costa, que tem sido sempre seu director. Em 1923, passou a ter como redactor chefe Odilon Moura. É político, noticioso e litterario, tendo saído o seu primeiro numero no dia 12 de Agosto de 1916.
10. O Rebate – seu director é Antonio Alves Magalhães, que desde o numero 16 se tornou também proprietário. Dos números 11 a 15 foi propriedade de Eulelio Theophilo. Não tem ligações políticas, tendo saído pela primeira vez no dia 19 de Junho de 1921. É noticioso, critico e litterario.
Obs: foi mantida a ortografia tal qual o livro.
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Ao todo José Moreira descreve 22 jornais existentes na época. Aparecem ainda nomes interessantes nesses jornais como de Craveiro Costa, autor de "A conquista do deserto Ocidental", Thaumaturgo de Azevedo, etc. A maioria dos jornais não ultrapassavam a tiragem de 100 exemplares, com exceção de alguns que chegaram de 200 a 800 exemplares. Um bom começo, para a adversidade da região e da época. Material que vale uma boa pesquisa. Salve, historiadores acreanos!
Referência e sugestão:
SOBRINHO, José Moreira Brandão Castello Branco. O Juruá Federal: Território do Acre. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1930.
Lendo esses trechos vejo como nosso idioma foi mudando com o passar do tempo. Fico me perguntando como as pessoas mais antigas reagiram às mudanças ortográficas da época. Eu não gostei dessa nova.. hehehe
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