Walt Whitman
Silenciosa aranha paciente,
notei como em ligeiro promontório ela estava
isolada,
notei como explorar o vasto vazio que a
circundava:
ia jogando fio, fio, fio tirado de si mesma,
soltando-os sempre mais, incansável
fazendo-os correr sempre.
E tu, ó minha alma, onde estás,
cercada, separada, em desmedidos oceanos de
espaço,
ininterruptamente ponderando, arriscando,
jogando, buscando esferas para ligá-las,
até que esteja construída a ponte que hás de
necessitar, até que
esteja segura a âncora dúctil,
até que o fio de teia que lanças pegue em
algum lugar, ó minha alma!
WHITMAN, Walt. Folhas de relva. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1964. p.166
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