sábado, 2 de fevereiro de 2013

SILENCIOSA ARANHA PACIENTE

Walt Whitman


Silenciosa aranha paciente, 
notei como em ligeiro promontório ela estava isolada, 
notei como explorar o vasto vazio que a circundava: 
ia jogando fio, fio, fio tirado de si mesma,
soltando-os sempre mais, incansável fazendo-os correr sempre.

E tu, ó minha alma, onde estás, 
cercada, separada, em desmedidos oceanos de espaço, 
ininterruptamente ponderando, arriscando, jogando, buscando esferas para ligá-las,
até que esteja construída a ponte que hás de necessitar, até que 
esteja segura a âncora dúctil, 
até que o fio de teia que lanças pegue em algum lugar, ó minha alma!


WHITMAN, Walt. Folhas de relva. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1964. p.166

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