quinta-feira, 7 de março de 2013

CANTO CXV

Ezra Pound


Os cientistas em terror
            e para a mente européia
Wyndham Lewis escolheu a cegueira
            antes do que ter sua mente parada.
Noite sob o vento entre garofani,
            as pétalas estão quase tranquilas
Mozart, Linnaeus, Sulmona,
Quando os amigos de alguém se odeiam
            como pode haver paz no mundo?
Suas rudezas divertiam-me nos verdes anos.
Uma pele de flor que feneceu
            porém a luz canta eterna
um lívido brilho sobre pântanos
            onde o feno de sal sussurra às mudanças das marés
Tempo, espaço,
            nem vida nem morte é a resposta.
E do homem buscando o bem,
            fazendo mal.
In meine Heimat
                        onde andavam os mortos
                                   e os vivos eram feitos de cartão.


Pound, Ezra. Os cantos. [trad. José Lino Grunewald]. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2006. p.789.

** Fiz uma viagem nesse livro de Pound, um dos maiores marcos da literatura no século XX. Em A arte da poesia, Pound dizia: "A função da literatura como força geratriz digna de prêmio consiste precisamente em incitar a humanidade a continuar a viver; em aliviar as tensões da mente, em nutri-la, e nutri-la, digo-o claramente, com a nutrição de impulsos." E isso expressa bem a própria obra de Ezra Pound.

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