sábado, 11 de maio de 2013

A TRILOGIA DAS CORES

Comentário de Marcelo Hailer

Antes de qualquer análise crítica, pra conhecimento do leitor é válido saber que o projeto “A trilogia das cores” nasce por dois motivos: o bicentenário da revolução francesa, sendo que é deste fato histórico/ político donde nasceu o lema: liberdade, igualdade e fraternidade, e o segundo fato é o momento político europeu, a comemoração da unificação da Europa, a já conhecida União Européia.

Feito o contexto da obra, vamos a ela. Como já mencionado Krzysztof Kieslowski foi convidado a fazer um filme que prestasse dupla homenagem, a partir deste ponto o diretor tem a seguinte idéia: com os três lemas da bandeira francesa, transportá-los a década de 90 e com a seguinte questão, como estão estes valores no mundo de hoje? Como anda a liberdade, a igualdade e a fraternidade na Europa e no mundo hoje?

A liberdade é azul ou apenas Azul, como no título original, Kieslowski toma como ponto de partida a tragédia e os dez minutos iniciais já denotam a desgraça. Num acidente de carro, Julie (Juliette Binoche) perde o marido e a filha, após a tragédia a personagem decide-se livrar de tudo que lhe prende ao passado, porém, impossível se livrar de tudo, eis o ponto filosófico do roteiro, aquela liberdade utópica é possível?

Em “A igualdade é branca” a personagem central é Carol (Zbiniew Zamachowski) ele é polonês e não fala francês, é apaixonado pela sua mulher, Dominique (Julie Delpy), que o surpreende com um pedido de divórcio, Carol é julgado na França sem falar uma palavra sequer em francês, mesmo em tom de comédia o filme já dá o tom logo de cara, como um estrangeiro é julgado, obrigado a assinar uma separação sem sequer falar a língua nativa, sem um interprete, onde reside a igualdade na sociedade? Carol resolve retornar a sua cidade natal, volta a trabalhar com o irmão na profissão de cabeleireiro e planeja uma inusitada vingança.

No Vermelho ou “A fraternidade é vermelha”, Valentine (Irene Jacob) leva uma vida normal, faz curso universitário, no filme não é citado qual curso, ganha o seu dinheiro como modelo, tem um namorado onipresente no filme, toda a sua tranquilidade e normalidade serão quebradas quando atropela uma cadela pastor-alemão, na coleira da cadela há o endereço de sua casa, Valentine vai então até lá, quando adentra a casa do dono, o Juiz, senhor aposentado que tem um estranho hobby, com um aparelho de escuta, consegue escutar as conversas telefônicas de seus vizinhos, paralelamente há a história de um jovem que estuda pra ser juiz e tenta a sorte no amor, porém nada fácil e linear na visão de Kieslowski.

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