O brasileiro convive bem com o escândalo moral.
Os ladrões
infestam os salões de luxo,
os Bancos
estouram, os banqueiros
são cumprimentados
com reverência,
o presidente do
Congresso chama o senador
de bandido, sim
senhor, vossa excelência.
O Presidente diz
pela televisão
que “é preciso
acabar com a roubalheira
nos dinheiros
públicos”.
As pessoas das
cidades grandes
vivem
amendrontadas, qualquer
transeunte pode
ser um assaltante.
As meninas cheiram
cola. Depois
vão dar o que têm
de mais precioso
ao preço de um
soco na cara desdentada.
O brasileiro
convive com o escândalo
como se fosse o
seu pão de cada dia,
com uma
indiferença letal.
Como se dormir na
cama com um rinoceronte,
mas rinoceronte
mesmo,
fosse a coisa mais
natural do mundo,
chegando a cheirar
camélias.
§. O povo, um dia.
Do povo vai
depender
a vida que vai
viver,
quando um dia
merecer.
Vai doer, vai
aprender.
MELLO, Thiago de.
Poemas preferidos pelo autor e seus leitores: edição comemorativa dos 75 anos
do autor. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001. (p. 218-219)
P.S. creio que ainda não aprendeu, mas que já tá doendo, ah tá!
P.S. creio que ainda não aprendeu, mas que já tá doendo, ah tá!
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"Quando se sonha só, é apenas um sonho, mas quando se sonha com muitos, já é realidade. A utopia partilhada é a mola da história."
DOM HÉLDER CÂMARA
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