Luiz Felipe Jardim
Um dia, quando eram ainda bem gatinhas, as
duas Ludrugunguinhas, das quais sou guardião, brincavam na sala da nossa casa.
Corre daqui, corre dali; pula de lá, salta d'acolá,
atraída pela luz do sol, uma delas resolveu subir na janela. Do chão, ela
olhou, olhou, cheirou, ciscou, ciscou e... saltou. Saltou um salto chocho e nem
perto da janela chegou. Mas tentou. Tentou, até que cansou. A outra gatinha, só
olhou.
No dia seguinte, lá na sala... Salta daqui,
salta dali; corre de lá, pula d'acolá, atraída pela chuva que chovia lá fora,
aquela gatinha que só olhou, quis subir na janela. Olhou, cheirou, ciscou e
saltou. Tentou, tentou. Tentou muito, mas nem perto do alvo chegou. A outra só
olhou.
No terceiro dia era de noite. Lá na sala,
elas brincaram muito: de morder, de se esconder, de pular, de correr. Mas nada
de janela. A temperatura da brincadeira foi crescendo, crescendo; subindo,
subindo... Elas já corriam quase que alucinadas na sala quando, juntas, as duas
saltaram... Na janela, pousaram suaves como
se grandes gatos fossem, e se admiraram do mundo que viam como os pequenos
gatos que eram. O mundo não é um brinquedo, e nem é brincadeira, mas foi
brincando no mundo que as gatinhas puderam, mais livres, ver as estrelas.
Olharam o mundo e as estrelas com a pose que
os gatos se dão nas vitórias; azunharam a madeira; marcaram território. Para festejar,
e sob a luz da lua que na noite brilhava, ali se deitaram e tiraram uma
demorada e deliciosa soneca.
Luiz Felipe Jardim
Obs. Todas as fotografias foram tiradas da janela para onde as gatinhas saltaram.
Obs. Todas as fotografias foram tiradas da janela para onde as gatinhas saltaram.
> Leia aqui outros textos de Luiz Felipe Jardim.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
"Quando se sonha só, é apenas um sonho, mas quando se sonha com muitos, já é realidade. A utopia partilhada é a mola da história."
DOM HÉLDER CÂMARA
Outros contatos poderão ser feitos por:
almaacreana@gmail.com