SEM TESTEMUNHA
A janela fechou-se
Num supetão
Não viu a chuva
Espatifar-se na calçada
Enquanto o vento
Ao relento
Como um cão
uivava
IPÊ AMARELO
Minha mão madura
Fez-se leve
Fez-se pura
No plantio do ipê!
Raizinha do meu verde
No verde que vai crescer
Um dia...
Eu já no tempo esquecida
Os herdeiros do meu sangue
Herdarão flores amarelas
Se um pouquinho de mim
No perfurme da lembrança,
Quem me dera!
RIO DE LEMBRANÇAS
A memória
Num rio de lembranças
É canoa alagada
Na margem esquecida
Na margem encalhada
Porque nas águas do tempo
O que já foi
Não é mais
Nem mais será
O passado
Navega
Sem seguir viagem
SOUZA, Robélia
Fernandes de. ConVerso Novamente: poesia. Rio Branco: Tico-Tico, 2004. p.39, 67,
87
* Robélia Fernandes de Souza é da Academia
Acreana de Letras. Autora de Asa de vida (1992, poesia), Conversa
Afiada (1996, conto), Boquinha da Noite (2003, folclore infantil) e ConVerso Novamente (2004,
poesia).
> Leia aqui outros poemas de Robélia Fernandes de Souza.
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