sábado, 9 de novembro de 2013

TRÊS POEMAS DE ROGEL SAMUEL

NÃO TENDO CHEGADO AS FLORES
       De primavera, gozo o prazer
de dar-te a prévia rosa
queiramos ou não que desabroche
na mão da tua lâmina terna
e sem dizer o que devemos
ponho os olhos nos limites da estrada.
Quem assim te afague, ó meu amor
que ainda te amo como agora
folha da tua árvore querendo
ver-te como estrela
o mais de sobretodas as senhoras
olham de perto o incerto par.
Sejamos lógicos com estas grinaldas
de primavera que inventei sem peso
me apaixonei sem me aproximar.



PROCURO A FALA ADEQUADA
         e o dizer fácil
rara rima
como toque
de carimbo

Talvez não veja a originária poesia
          na lucidez vazia
saída da velha lei

Quero o verso, quero o verso
        que diga um pouco do mundo
a pular para outros tons
menores, porém profundos



NÃO GOSTO DE COISAS FUGIGIAS
      que me escapam antes de as ter
      Amo os remansosos laços
que assistem, calmos, nos passos
e voltam ao lar, feito pássaros
         fáceis
no ar do espaço aberto entre montanhas
         plácidas
E pensamentos lógicos
sem rápidas inquietações
         pouso anguloso da estrada
onde nos abrigamos para uma única
         noite de eterno


> Acesse 120 poesias de Rogel Samuel, poeta e escritor amazonense, radicado no Rio, autor de vasta bibliografia, entre as quais o importante romance O Amante das Amazonas (Itatiaia, 2005) e Manual de Teoria Literária (Vozes, 1985 1a. edição, já em 14a. edição).

2 comentários:

"Quando se sonha só, é apenas um sonho, mas quando se sonha com muitos, já é realidade. A utopia partilhada é a mola da história."
DOM HÉLDER CÂMARA


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