Astrid Cabral
Em dezembro, sonhar com janeiro,
em janeiro pensar: fevereiro
vai ser bem diferente
A semana inteira chocar o sábado,
no sábado, esperar o domingo.
No domingo dizer: no outro, quem sabe?
O tempo todo apoiar-se na bengala
à visão do abismo.
Cansei-me da farsa.
Fiz uma fogueira, joguei
a esperança dentro dela
e arregalei os olhos.
CABRAL, Astrid. De déu em déu: poemas
reunidos (1979/1994). Rio de Janeiro: Sette Letras, 1998. p.37
> Astrid Cabral poeta brasileira nascida em Manaus. Possui uma ampla
obra, entre as quais, Alameda (1963),
Ponto de cruz (1979), Torna-viagem (1981), Visgo da terra (1986), Rês desgarrada (1994), Ante-sala (2007).
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"Quando se sonha só, é apenas um sonho, mas quando se sonha com muitos, já é realidade. A utopia partilhada é a mola da história."
DOM HÉLDER CÂMARA
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