quarta-feira, 19 de março de 2014

ÀS PARCAS

Friedrich Hölderlin (1770-1843)


Dai-me só um verão, Potestades, só mais
   Um outono onde o canto meu amadureça,
      Que de bom grado, o coração já farto
         Do suave jogo, morrerei então.

A alma que em vida nunca desfrutou dos seus
   Direitos divinais, nem no Orco acha repouso;
      Mas, se eu lograr o que, sagrado, tenho
         Dentro do coração, a Poesia,

Serás bem-vinda então, paz do mundo das sombras!
   Contente ficarei, mesmo que a minha lira
      Não leve comigo; uma vez, ao menos,
         Vivi como os deuses: é quanto basta.


HÖLDERLIN, Friedrich. Poemas. Seleção, tradução, introdução e notas José Paulo Paes. São Paulo: Companhia das Letras, 1991. p.87

Nenhum comentário:

Postar um comentário

"Quando se sonha só, é apenas um sonho, mas quando se sonha com muitos, já é realidade. A utopia partilhada é a mola da história."
DOM HÉLDER CÂMARA


Outros contatos poderão ser feitos por:
almaacreana@gmail.com