Friedrich Hölderlin (1770-1843)
Dai-me só um verão, Potestades, só mais
Um
outono onde o canto meu amadureça,
Que de bom grado, o coração já farto
Do suave jogo, morrerei então.
A alma que em vida nunca desfrutou dos seus
Direitos divinais, nem no Orco acha repouso;
Mas, se eu lograr o que, sagrado, tenho
Dentro do coração, a Poesia,
Serás bem-vinda então, paz do mundo das
sombras!
Contente ficarei, mesmo que a minha lira
Não leve comigo; uma vez, ao menos,
Vivi como os deuses: é quanto basta.
Vivi como os deuses: é quanto basta.
HÖLDERLIN, Friedrich. Poemas. Seleção, tradução, introdução e notas José
Paulo Paes. São Paulo: Companhia das Letras, 1991. p.87
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