segunda-feira, 2 de junho de 2014

O BELO MODELO

Hibernon Alves de Mello (1896-1977)



Hibernon Alves de Mello
No dia 25 de Janeiro, do ano de 1868, na cidade de Parnaíba, no estado do Piauí, pelas cinco e meia horas da tarde, nublou-se o céu de nuvens negras, que o vento tangia com velocidade para um certo ponto do horizonte.

Tudo indicava um forte aguaceiro, ou tremendo furacão.

Com espaço de uma hora, pouco mais ou menos, desfez-se o temporal. Fortes relâmpagos e trovões abalavam a terra; o furacão rugia.

Chovia à cântaros, e as árvores impelidos pelo forte vento curvavam as enormes copas, e algumas partiam-se ao meio.

Algumas casas, na cidade e choupanas, nos arrabaldes, tombavam. Era já noite fechada, quando tudo serenou.

O dia 26, amanheceu belo; o sol, com os seus raios dourados e o seu calor vivificador, começava já a dourar o pico das casas altaneiras, e respirava-se um ar renovado, e mais saturado de oxigênio, o que precede as grandes tempestades.

N’uma das belas estradas, por onde se vai da aludida cidade de Parnaíba à vila dos Humildes, via-se, a caminho, um pobre velho, cego, com uma pequena trouxa de roupa suspensa da extremidade de um cajado, que ele levava ao ombro, e, à sua frente, uma linda jovem, de cor branca e cabelos louros, que o guiava pela mão.

Caminhavam em silêncio, e de vez em quando paravam, a fim do velho, que parecia adoentado, tomar alento.

A brisa soprava suave e tremulava os belos cabelos da moça, que, vistos de longe, aos reflexos do sol, davam ideia de uma auréola.

Passarinhos, saltitavam d’aqui para ali, soltando harmoniosos gorjeios, e, a cada momento, encontrava-se, à margem da estrada, arvoredos pesados de flores, que embalsamavam o ar com o suave perfume, alastrando no chão, e dando aos viandantes magníficas sombras, que tornava harmonioso e belo o longo curso da estrada.

Os dois entes continuavam a caminhar sempre em silêncio, e a moça não despregava o olhar do caminho; quem a visse, assim, a caminhar, adivinhava abrigar-se n’aquele imaculado peito alguma grande contrariedade, ou algum profundo desgosto.

De onde vinham?

Para onde iam?

Ninguém o sabia.

Depois de algum tempo andarem, disse o velho: “Filha, vamos descansar um pouco, debaixo de algum sombrio arvoredo, que já começo a sentir algum enfado, e mesmo estou me sentido pior”.

Ela procurou um dos sombrios, onde havia bastantes flores pelo chão, sentou o velho a um tronco de árvore, e, sentando-se, também, no meio das flores, entretinha-se a aspirar-lhes o delicioso aroma e a brincar com elas. O velho enxugava o suor que lhe inundava a fronte. N’isto, ela o viu tombar para trás; levantou-se pressurosa, a fim de o suster, cuidando tratar-se apenas de uma vertigem, porém, ao pegar-lhe e tomar-lhe do pulso, verificou que já era cadáver.

Fora ele vítima de uma apoplexia fulminante.

A linda criatura, então, não pode resistir ao embate de tão grande desgraça e deu logo expansão às lágrimas, que lhe afluíam aos olhos, em borbotão. – Murmurou por entre grande pranto, entrecortado de soluços: “Meu Deus, que será de mim agora, n’este mundo, sem um único arrimo?

Que fazer n’esta emergência, sozinha, n’esta deserta estrada, longe, talvez, de gente?
Para ode irei?

Oh! Meu Deus, tende piedade de mim!”

E pranteava-se cada vez mais, de modo inconsolável.

Ao findar as últimas palavras, pareceu ouvir para o lado oposto d’onde viera, o tropel de um cavalo, que, inda se não apresentava, devido a uma curva do caminho. Criou alma nova.

Com efeito, já aparecia agora, ao longe, na florida estrada, o vulto esbelto de um mancebo, montando um belo cavalo esquipador, ricamente ajaezado. Ao defrontá-la, saudou-a e perguntou o que ali fazia. Foi o meu avozinho que aqui expirou, disse ela, por entre lágrimas e soluços.

E onde está?

Aqui, por trás d’este velho tronco. O mancebo apeou-se, amarrou o cavalo a um galho de árvore, encaminhou-se para ela, cumprimentou-a, e sem poder desfitar os olhos d’ela, antes mesmo de olhar para o cadáver, disse: “que portento de beleza que tu és!”.

“Que primor de menina!”

A que ela baixou os olhos, rasos de lágrimas, e pôs-se a olhar, com ar triste, para as flores.

Depois, ele, dirigindo-se para o velho, pegou-lhe no pulso, por momento, e exclamou: “Morto”. Conta-me com se deu isto, linda menina, murmurou:

Oh! meu rico senhor, eu vo-lo narrar do começo, disse ela.

– Minha mãe faleceu de varíola quando eu contava de idade de seis meses e dias; em seguida, pouco depois, faleceu meu pai, pelo desgosto de haver perdido, e, tomaram conta então de mim, os meus avós maternos. Alguns anos depois, morre também a minha avó.

Eu tinha, já, n’este tempo, dez anos. Passei então a viver com o meu avozinho, que muito me queria.

Frequentava uma escola pública, que pouco distava do nosso arrabalde; frequentei-a assiduamente quatro anos, oito meses e dias.

Vivíamos felizes na nossa humilde choupana, embora como pobres. Meu avô era lavrador.

Depois, ele começou a sentir falta da vista, aos poucos, e terminou por ficar cego de todo. Disse-lhe o médico que era catarata.

Desde que ele cegou, entrou-nos em casa a miséria, com todo o seu cortejo de infortúnios; deixei até de frequentar a escola por não possuir mais um vestido em condição.

Começou, então, para nós, uma vida de privações e humilhações. Não podemos dormir, muitas noites, devido a fome.

Meu avô tinha acanhamento de sair comigo, pelas ruas, a pedir esmolas.

De alguns dias a esta parte, ele dissera que havíamos de empreender uma viagem, à casa de um seu irmão, tão velho e pobre quanto ele, e que, se achando doente, cego, sem poder trabalhar, receava, de momento, morrer e deixar-me ao abandono.
Nunca vi e nem sei onde mora esse irmão de que ele me falava.

Aquela tempestade de ontem abateu a nossa miserável choupana, que, se não fora o estalido de uma viga, como um aviso de Deus, teríamos ficado sepultados sob os escombros. O resto da noite passamos expostos à chuva e ao relento.

A vista do sucedido, disse o meu avô que hoje, muito cedo, havíamos de pôr-nos à caminho, em busca da casa do irmão, o que realmente fizemos.  E concluiu o restante da história, dizendo: eis aqui, senhor, a narração de nossa vida.

Mário, pois, era este o nome do mancebo, ficou por instantes pensativo, e perguntou-lhe: como te chamas?

Maria Celeste, mas tratavam-me em casa por Celeste, disse ela.
Que idade tens?

No dia 20 de março completarei dezessete anos.

Para onde tencionas dirigir-te agora?

Deus é quem sabe.

Irás, pois, para a minha casa, disse-lhe Mário, mas, primeiro, vou cobrir o corpo de teu avô com ramos verdes e, em lá chegando, mandá-lo-ei imediatamente transportar.

Tu vais comigo, na garupa do cavalo. E enquanto este sacava um canivete e se punha a cortar tênues ramos, Celeste, apanhando flores, as mãos cheias, ia cobrindo com elas o cadáver. Minutos depois, achava-se este coberto de flores e ramos.

Ponhamos-nos à caminho, disse Mário, que o sol já vai alto, e a minha casa, dista d’aqui, um bom pedaço.

Tomou a garupa do animal com uma manta que trazia. N’um momento, Mário e Celeste desapareceram na curva da larga estrada.

Celeste, antes de partir, afastou as flores e ramos, na cabeça do avô, e beijou-o na testa.

Deixemos que eles sigam em santa paz.

*
*     *

Mário, não dissera, sem razão, que Celeste era um portento de beleza, porque, de fato, o era, e capaz de ganhar um prêmio no centro de qualquer grande capital.

Eis aqui o seu perfil:

O corpo, um todo composto de linhas proporcionais e bem formadas; a boca, pequena; os lábios, nacarinos, que quando desabrochavam n’um riso, punham a descoberto duas fileiras de dentes, certos, pequeninos, e de um esmalte alvíssimo e brilhante; os olhos de cor do céu, eram cintilantes; o nariz, pequenino e bem feito; sobrancelhas e pestanas, espessas; o cabelo, louro, crespo e abundante, caia-lhe pelos ombros e espáduas, como as ondas de um mar revolto; a voz, era de uma meiguice que deleitava; as faces, de cor rósea, finíssima e transparente; e epiderme, muito alva, fina e rosada; estatura, mediana; porte elegantíssimo.

Parece que Deus quis atingir a suprema perfeição, na formação d’aquela linda criatura.

*
*     *

Alguma linhas sobre Mário: Era este  filho de um riquíssimo fazendeiro.

Quando completou doze anos de idade, os pais mandaram-n’o para o Rio de Janeiro, afim de estudar. Com pouco tempo de achar-se nos estudos, manifestou grande vocação pela arte da pintura, e não tardou, que não fizesse imenso sucesso n’ela, pois aos quinze anos apresentou um quadro n’uma das exposições, de que, obteve o segundo prêmio. D’aí por diante cultivou com mais esmero e carinho a arte, chegando a tornar-se um ótimo pintor.

Dois anos depois de estar no Rio, recebeu carta de seu pai comunicando o falecimento de sua progenitora, e, mais alguns anos, perece também este. Com a sua morte, tornou-se mister o seu breve regresso à casa paterna, a fim de tomar conta dos bens deixados, pois que era ele o único herdeiro.

Tinha, então, vinte e cinco anos. Moço de grande beleza física e dotado de belos sentimentos nobres; educação aprimorada, e maneiras afáveis e corteses no tratar com toda gente, quer se tratasse de pessoas de importância, quer de pessoas humildes, e possuidor de um coração mui caridoso e magnânimo.

D’aí nascia a grande estima que todos lhe consagravam. As senhoritas de destaque da sociedade teresinense, disputavam-n’o com ardência, a fim de casamento, o que ele sempre se esquivava. Tinha ele o propósito de só se casar com a moça que nutrisse por ela grande paixão, e notasse que, outro tanto, sucedia a ela, porém, uma d’esta, ainda não havia encontrado. Ele soube conservar a fortuna deixada por seus pais, a qual aumentava cada ano.

E este tempo, os jornais do Rio anunciavam um valioso prêmio, dado pelo governo, ao pintor brasileiro que apresentasse o mais bonito e perfeito quadro n’uma exposição a realizar-se dentro do prazo de dois meses.

Mário leu a notícia, e sentiu vontade de concorrer a ela com um quadro. D’aí por diante, começou a trabalhar com a imaginação, a procura de um modelo que o tornasse digno de exposição, e não era capaz de encontrar.

Na manhã que se deparava com Celeste, andava ele a passeio, pela estrada, espairecendo, e procurando na natureza, o que não encontrava na sua mente.

*
*     *

Tornemos aos viajantes:

Em viagem, Celeste quis saber o nome de Mário e lh’o perguntou. Ele lh’o disse.

Durante toda a viagem, foi a única vez que ela falou; às vezes, Mário ouvia-a soluçar e notava que ela chorava, então, procurava confortá-la com palavras meigas e afáveis, entre as quais lhe dizia: “Console-se, menina, que inda pode vir a ser muito feliz, pois é imensamente bela.”

Chegados que foram ao pátio da casa de Mário, este apeou-se, e, em seguida, a ela, e conduziu-a para casa.

Logo após, ordenou, a dois homens, que fossem buscar o cadáver.

A casa de Mário era um belo e grande palacete, luxuosamente preparado, e situado no cimo de uma meia esplanada, com bela vista para a frente, ladeado por variadas qualidades de fruteiras, e circundado de varandas.

Celeste, teve a impressão de achar-se n’um éden.

Mário ordenou também a outros dois homens que fossem cavar uma cova no cemitério, que ficava com distância de uma hora. As seis da tarde, chegavam os homens do cadáver, com este, Mário mandou convidar algumas famílias da vizinhança, para ajudarem à noite, fazer quarto ao morto. Depois que deu as instruções precisas, montou novamente, e partiu a galope. Horas depois, regressou, trazendo um grande embrulho. O cavalo estava inundado de suor, o que indicava haver corrido bastante.

Tinha Mário ido à casa de uma boa modista, à vila dos Humildes, comprar umas roupas para mulher. N’uma loja, fez também algumas compras.

Quando chegou, entregou o embrulho à Celeste, dizendo-lhe: “pegue, minha bela menina, mude esses andrajos”, e indicou-lhe um quarto.

Instantes depois, saia Celeste do quarto, trajando um belo vestido negro.

Fizeram quarto ao defunto a noite toda, a que Celeste não arredou pé de junto d’ele, chegando vez em quando. Seguiu-se o enterro ao outro dia, que teve lugar às sete da manhã. Mário, mandou fazer em casa, ligeiramente, um ataúde.

À subida do corpo, a moça teve uma síncope, que custou a tornar, e que Mário, a despeito de sua fleuma, agoniou-se bastante.

Passou a casa, o restante do dia, imersa em profunda tristeza.

Celeste, quando tornou da síncope, achava-se n’um quarto, de onde não mais saiu d’este, e nem aceitou o menor alimento.

No outro dia, ela amanheceu mais resignada; chegou-se à Mário e disse-lhe com humildade: “Snr. Mário, Deus lhe pague o muito que por mim já tem feito. Achando-me só no mundo, sem pais, parentes e ninguém por mim, sem saber para onde ir, queria saber se o senhor me quer como sua criada!

Prometo-lhe cumprir à risca, o que me ordenar”.

Este, permaneceu um instante em silêncio, sem poder falar emocionado, e desviando o olhar para disfarçar duas lágrimas, prestes a cair, a custo respondeu: “quero-te, não para este fim, mas outro mui diferente”.

D’aí por diante, ela tornou-se mais alegre; tomou conta do serviço da casa, por sua livre vontade, trazendo tudo à tempo e à feito, e, sobretudo, procurando lobrigar os pensamentos de Mário, a fim de o servir o melhor que podia. Cada dia, o moço sentia crescer-lhe à afeição pela donzela.

Às vezes, perpassava-lhe pela mente a ideia de um casamento com ela, mas, lembrava-se da sociedade, e recuava apavorado. Que comentários não faria ela, dizia, se chegasse a esposar esta virtuosa e galante menina?

Dizia: “O snr. Mário casou-se com uma indigente, que encontrou no meio de uma estrada, coberta de andrajos, sem família, sem reputação, sem educação e sem merecimento”.

A tal sociedade, muitas vezes, é um grilhão para nobres impulsos, de corações nobres, disse ele, e pegando distraidamente de um livro, que se achava sobre a sua secretária, que comprara na véspera d’estes acontecimentos, e que ainda não havia lido, abriu-o ao acaso e leu: “Oh! a quantas pessoas tem a gente por santas que diante de Deus não são nada ou muito pouco, e quantas pessoas a gente não conhece (e por ventura persegue) que diante de Deus são umas pedras preciosas! Porque o mundo julga do exterior, em que não está a virtude nem a santidade; mas muitas vezes muita hipocrisia”.

– Fechou o livro e disse: “Só parece que o dedo de Deus anda no caso d’esta menina”.

O livro que ele acabava de ler era: “Motivos espirituais”, do Padre Rodrigo de Deus.

N’este mesmo dia ele recebeu um vestido muito chic que encomendara. Estava uma beleza.

Chamou Celeste e disse-lhe: “Amanhã, de manhã, quero ver-te com este vestido e o mais bonita que puderes, pois vais me prestares um importante serviço.” Ao outro dia apresentou-se ela, conforme ele ordenara: radiante de formosura. Ele, quando a viu, só muito à custo pode conter-se, pois sentia ânsias de atirar-se a ela, abraçá-la, e cobri-la de beijos.

No salão de pintura, repousava já, sobre o cavalete, uma grande tela, e, ao lado, as tintas e pincéis.

Ela, com meiguice e sorriso infantis, perguntou-lhe: “Para que o senhor me quer?”

Para pintar-te o retrato, respondeu ele.

Sobre um rico divã, luxuosamente guarnecido de fino damasco, ele colocou a jovem, reclinada a um travesseiro, em atitude contemplativa, com a mão direita apoiando o queixo, e os cabelos n’uma desordem encantadora. Quando acabou deu-lhe um beijo na face. A moça corou até mais não poder.

Em seguida, ele, nervoso, pegou do pincel e deu começo a obra.

Depois do beijo, ela conservou-se circunspecta, sem, contudo, aparentar contrariedade. Ambos não pronunciavam palavra, e apenas ouvia-se o tênue roçar do pincel, na tela. Já havia pintado o corpo, os cabelos, a tez, os olhos, o nariz e ia dar a primeira pincelada para a boca que n’ela se mantinha levemente contraída, quando ela, sem ele esperar, esboçou um divinal sorriso, e ele, zás, consegue, apanhar na tela, as linhas daquele lindo sorriso.

Quando acabou de aperfeiçoar a boca, disse: “este sorriso, só ele, merece um poema de Homero, que dirá um prêmio de exposição”.

Algum tempo depois, estava o quadro pronto.

Ao terminar, chamou Celeste e perguntou-lhe: “Parece-se contigo?” Ela olhou, recuou maravilhada, e rindo-se, disse-lhe: “demais.”

Ele remeteu o belo quadro à exposição, cuidadosamente embalado.

Dias depois, os jornais davam o resultado, Mário havia tirado o precioso prêmio, que constava de uma linda taça de ouro, embutida de brilhantes, safiras e esmeraldas, e circulada de florões, em alto relevo.

O quadro, vendeu logo a um milionário, por quarenta contos de réis, que os distribuiu pela pobreza, e a taça, presenteou-o à Celeste, dizendo-lhe: “Toma, te pertence: penso a teres ganho só com aquele sorriso; é justo que só lábios lindos, como são os teus, tenham o direito de tocar-lhe a borda.

Quanto ao que me toca, quero apenas a glória e este anjo; e ao dizer isto, o seu peito uniu-se ao da donzela, n’um anelante amplexo, enquanto as suas bocas colavam-se em um longo, suave e doce beijo.

Enrubesceram: os olhos cintilaram com mais fulgor e ficaram fundamente comovidos.

N’este mesmo dia, à tarde, quando o sol já tresmontava, achava-se Mário debruçado à uma das janelas do palacete, e entretinha-se a olhar a bela paisagem, parecendo abstraído em profunda meditação; viu-se, então, ele cerrar um dos punhos, dar um forte soco no peitoril da janela, exclamar: “Sociedade, que vá às favas; se amo é a ela, portanto me caso é com ela”.

Quinze dias depois, os jornais noticiavam o magnificente casamento de Mário com Celeste.


Nota: o conto “O belo modelo” foi publicado originalmente em 1928 no jornal A Reforma (Ano XI), de propriedade de José Florêncio da Cunha, nos seguintes números 521, 522 e 523, respectivamente nas datas de 30 de setembro, 07 e 21 de outubro de 1928.
Nota 2: pesquisa histórica e copilação por Isaac Melo, neto do autor.

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