Raul de Leoni (1895-1926)
O Homem desperta e sai cada alvorada
Para o acaso das cousas... e, à saída,
Leva uma crença vaga, indefinida,
De achar o Ideal nalguma encruzilhada...
As horas morrem sobre as horas... Nada!
E ao Poente, o Homem, com a sombra recolhida,
Volta, pensando: “Se o Ideal da Vida
Não veio hoje, virá na outra jornada...”
Ontem, hoje, amanhã, depois, e, assim,
Mais ele avança, mais distante é o fim.
Mais se afasta o horizonte pela esfera.
E a vida passa... efêmera e vazia:
Um adiamento eterno que se espera,
Numa eterna esperança que se adia...
LEONI, Raul de. Melhores poemas. Seleção
Pedro Lyra. São Paulo: Global, 2002. p.69
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