Inês Lacerda Araújo
Quais foram as pessoas que insistiram em
entronizar novamente o PT no poder, do qual não deseja e nem pode sair?
Anos atrás uma colega da UFPR me convidou
para evento ou manifestação do PT, sequer passou pela sua cabeça que eu não
fosse partidária daquele ideário e daquelas propostas, socialismo, ocupação de
terras, Lula no poder, triunfo da esquerda, etc.
Isso porque petistas sempre se consideraram
acima de suspeita, partido da ética (pois sim!!!), militância aguerrida, modelo
socialista cubano, a estrela vermelha acima de tudo e de todos. Nós, e somente
nós, temos razão, somos bons, os melhores, o Brasil irá se transformar, sem
miséria, sem fome, nacionalizaremos os bancos, o MST será o dono do campo, fora
agricultura de exportação, todo poder aos sindicatos, enfim, vários slogans e
palavras de ordem para ganhar não adeptos e sim fervorosos militantes.
Nada disso, e Lula para exercer governo
minimamente eficaz, precisou usar dos princípios e bases da economia de
mercado. O FMI não teve sua dívida paga, o MST só não invadiu à vontade
propriedades rurais, porque, afinal, sem exportar grãos a balança comercial
entraria em colapso. Depois foi o que se viu, cabresto à custa de dinheiro de
deputados (mensalão) e agora, justamente depois de acusar Fernando Henrique,
Alckmin e Serra de quererem privatizar a Petrobras, o lulopetismo afundou a
Petrobras, "privatizou" a empresa, mas para eles!!!
A oposição perdeu novamente.
Quem votou em Dilma?
Pobres e miseráveis amedrontados, amordaçados
e deixados em condição de pobreza e miséria. Sim, aumentou o número de
miseráveis, isso convém, isso é necessário, manter toda uma população sob o
garrote. A distribuição de riqueza falhou, ou melhor, foi feita na medida certa
para a manutenção no poder.
Os que usufruem do poder, não saem, assim não
precisam batalhar por emprego, e as falhas podem continuar acobertadas. De
qualquer modo, milhares de apaniguados que não largam o osso.
Votaram também, é claro, os militantes, eu
diria, os fiéis à causa, cuja cartilha são as lições pré-históricas dos
intelectuais marxistas. Para eles o muro de Berlim, que caiu há 25 anos,
precisa ser reerguido. A imprensa precisa ser censurada (há os simpatizantes da
Folha de São Paulo, mesmo quando este jornal critica o governo, a militância
acusa apenas a TV Globo, claro, analfabetos assistem TV mas não leem
jornal...), os grupos sociais simpáticos à causa serão financiados, os
professores de História contarão que o capitalismo é mau, que os pobres são
bons e os ricos maldosos, esse conto de fada tão fácil de fazer a cabeça da
rapaziada.
A desconstrução mentirosa foi muito bem
articulada, deu certo.
O que o lulopetismo não previu foi a força dos protestos, a
indignação, a esperança de ter um
governo eficiente e ético foi frustrada e hoje serve de mola para protestos
pós-eleitorais. Isso nunca se viu antes!
Os que votaram em Aécio podem esperar mais
quatro anos. Será difícil, muito difícil...
* Inês Lacerda Araújo - Professora de Filosofia durante 40 anos, na
UFPR, e nos últimos anos na PUCPR. Atualmente autora de livros sobre
Epistemologia, História da Filosofia e Teoria do Conhecimento.
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