terça-feira, 6 de janeiro de 2015

INVOCAÇÃO À MUSA

Isaac Melo

p/ Rogel Samuel e Jefferson Bessa
também amantes da Musa


Quod si me lyricis uatibus inseres,
Sublimi feriam sidera uertice.

Horácio


Vem, Musa, pousa sobre mim
a tua boca de veludo
desvela-me os arcanos do fim
que é o princípio de tudo

Vês, não me bastam a multidão
se trago sempre nu, o coração

Se ousas mostrar-me a face
deixa-me beijar a tua mão
antes que me ofertes o cálice
com o vinho da solidão

Vês, não me bastam a solidão
se sozinho ainda sou uma multidão

Que sei e levo da vida?
tudo é tão belo e tão breve
que perde todo sentido
desfaz-se como brisa leve

Vês, não me bastam todo o sentido
se a vida é sempre um elo perdido

Vem, Musa, com teu dom perfeito
sombra, em pleno meio dia
assim é meu peito
sem o clarão da poesia

Vês, não é suficiente toda a poesia
se a vida vai-se qual a noite absorvida pelo dia

Agora que reconheço a tua presença
que eu, de mim, torne-me senhor
longe de quimeras e vãs esperanças
o amor há de ser minha única dor

Vês, não bastam o amor a arder na fronte
se o homem não for seu próprio horizonte

Um comentário:

"Quando se sonha só, é apenas um sonho, mas quando se sonha com muitos, já é realidade. A utopia partilhada é a mola da história."
DOM HÉLDER CÂMARA


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