segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

PLENA NUDEZ

Raimundo Correa (1859-1911)
O nascimento de Vênus (1879), William-Adolphe Bouguereau.

Eu amo os gregos tipos de escultura;
Pagãs nuas no mármore entalhadas;
Não essas produções que a estufa escura
Das modas cria, tortas e enfezadas.

Quero em pleno esplendor, viço e frescura
Os corpos nus; as linhas onduladas
Livres; da carne exuberante e pura
Todas as saliências destacadas...

Não quero a Vênus opulenta e bela
De luxuriantes formas, entrevê-la
Da transparente túnica através:

Quero vê-la, sem pejos, sem receios,
Os braços nus, o dorso nu, os seios
Nus... toda nua, da cabeça aos pés!


CORREA, Raimundo. Poesias. São Paulo: Livraria São José, 1958. p.42

Nenhum comentário:

Postar um comentário

"Quando se sonha só, é apenas um sonho, mas quando se sonha com muitos, já é realidade. A utopia partilhada é a mola da história."
DOM HÉLDER CÂMARA


Outros contatos poderão ser feitos por:
almaacreana@gmail.com