quinta-feira, 5 de março de 2015

HORROR – GRANDE E MUDO

José Augusto de Castro e Costa


Rio Acre, interminável e fundo,
Entre barrancas de impotência e dor,
Em que mar remoto, profundo,
Estás tu a lançar tantas lágrimas de horror?

Aqui, ali, além, de dobra em dobra,
De curva em curva invades tua terra,
E tal qual uma imensa e assustadora cobra
Vais tragando a vida que a mata bonita encerra...

Da minha terra, toda a risonha história,
Alagaste-a... engoliste-a... São páginas lidas!
Mostras-me tu que o amor é crença ilusória,
E as almas são todas elas esquecidas?

Tuas margens, não as vejo mais. A linha
Das tuas barrancas, onde à tardinha
As garças e alguns de nós íamos cismar a esmo

Me desconcentra,  e ao ver esta água turva,
Descubro o Rio Acre em cada curva
E o destino colérico a bagunçar comigo mesmo!

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"Quando se sonha só, é apenas um sonho, mas quando se sonha com muitos, já é realidade. A utopia partilhada é a mola da história."
DOM HÉLDER CÂMARA


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