sábado, 11 de abril de 2015

O ASTRÔNOMO

Tagore (1861-1941)

Eu disse apenas: “Quando vem a noite, e a lua cheia redonda levanta-se acima da espessa ramagem do Kadam, não haveria ninguém capaz de pegá-la?”

Rindo, Dada respondeu: “De fato, és um tolo! A lua acha-se tão longe de nós, que ninguém pode pegá-la.”

Eu disse então: “Dada, és um idiota! Quando a mamãe sorrindo olha-nos da janela, enquanto estamos brincando no jardim, parece-te que ela esteja longe?”

Dada replicou: “Tu és um maluco! Oh garoto! Onde encontrar-se uma rede capaz de apanhar a lua?”

Mas, eu contestei: “Mas, podemos segurá-la com as mãos.”

Dada riu e retrucou: “Tu és os menino mais ingênuo que eu já vi. Se a lua se aproximasse verias como ela é grande!”

Mas, eu ainda observei: “Dada, quanta tolice te ensinam na escola! Quando mamãe inclina o rosto para beijar-nos, parece-te que a sua face, perto de nós, seja muito maior?”

Mas, Dada afinal exclamou: “Mas, que menino burro!” 

Nota: Dada – irmão mais velho.


TAGORE, Rabindranath. Tagore, obras selecionadas: O jardineiro, Lua crescente, Gitanjali, O cisne. Rio de Janeiro: Livros do Mundo Inteiro, 1974. p.109

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