Rogel Samuel
Passei hoje pela Rua Quintino Cunha, e me
lembrei do livro excelente de Leonardo Mota “Cabeças chatas” que tem um
capítulo sobre o poeta. Foi-me enviado por um pesquisador da obra do poeta de
“Pelo Solimões”, Jorge Brito, do Ceará.
Quintino da Cunha ficou famoso por seu estilo
irreverente e anedotas que contava.
Quintino Cunha morou em Manaus, onde
conseguiu até algum dinheiro.
O cearense é como passarinho
Tem de voar, para fazer o ninho...
Com o dinheiro ali ganho – era a época de
ouro da borracha – escreveu um livro de versos e foi editá-lo na Europa.
Do Amazonas tirou as belas imagens do “Encontro das águas”, dos rios Negro e
Solimões:
Se esses dois rios fôssemos, Maria,
Todas as vezes que nos encontramos,
Que Amazonas de amor não sairia
De mim, de ti, de nós que nos amamos!
Foram esses versos que tive vontade de
recitar ali da Rua Quintino Cunha, bem alto.
Se não o fiz foi porque ali em frente estava
a Delegacia.
Ali naquela esquina morava um grande amigo
meu já há muito falecido, o Ítalo, meu colega de faculdade. Ia ser assistente
do Celso Cunha. Ítalo era um sábio. Alto, mulato, meio cego, tocava piano e
sabia de tudo. Um dia me deu uma aula sobre a “Paixão segundo São Mateus”, de Bach.
Tempos felizes, aqueles.
Fiquei feliz em ver que o meu antigo amigo
morava na esquina da poética rua Quintino Cunha.
> Texto retirado d apágina do autor:
OBRIGADO, AMIGO, POR DIVULGAR QUINTINO CUNHA...
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