Afonso de Carvalho
Os dias e noites são de uma tepidez mortal, e
dias assim não convidam a pensar. Há uma exaustão de ferro candente sobre as
coisas do mundo, sobre a terra e sobre as águas, e os nossos corações sofrem as
angústias de todos os tormentos das horas perdidas, as horas que não pudemos
viver. É Novembro que se aproxima, amor. Bem sabes, querida, que este poderia
ser um mês de alegrias, em que cantássemos aleluias de ressurreição, um mês em
cujo início eu estaria te ofertando poemas de amor, em surdina, somente para os
teus sentidos ouvirem, apenas para o teu coração comover. Não será assim,
todavia, anjo meu. Para mim, o mês que se aproxima é uma quadra de recordações,
e eis que me perco a meditar, não pensando nas glórias da existência, que não
as quero, mas em ti, amor imortal, em ti somente. Que será de nós, amanhã?
Pensamentos, palavras, emoções, tudo gira em torno de tua maravilhosa pessoa,
tu, que és única, que és insubstituível, que estás presente em todas as minhas
horas vazias, como uma obsessão e como uma loucura de que não me quero curar,
para a qual não há remédio. Farei versos a ti. Novembro se aproxima, e com ele,
e durante ele, meu velho coração não terá outro destino: só tu o ouvirás, só
contigo ele estará. Ninguém mais.
(ele é um dos maiores escritores amazonenses
- hoje esquecido - autor de Vozes Azuis)
da página de Rogel Samuel: http://literaturarogelsamuel.blogspot.com.br/
EU O CONHECI, EU ERA UM JOVEM ESCRITOR E ELE ME ORIENTAVA...
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