segunda-feira, 9 de novembro de 2015

OS CARVALHOS

Friedrich Hölderlin (1770-1843)


Saindo dos jardins, vou até vós, oh! Filhos da montanha;
Dos jardins onde, paciente e caseira, a Natureza convive
Com os homens diligentes, cuidando e sendo deles cuidada.
Mas vós vos ergueis, altivo povo de Titãs, em meio
A mundo mais dócil, só de vós mesmos dependentes,
E do céu que vos nutriu e educou, e da terra que gerou-vos.
Nenhum de vós frequentou jamais a escola dos homens;
Jubilosos e livres, desde a robustez das raízes,
Vos lançais para o alto, em tropel, com braço vigoroso
Conquistando o espaço, como águia à presa, e para as nuvens
Voltando as vossas copas amplas, joviais, ensolaradas.
É um mundo cada um de vós; como os astros do céu,
Viveis e livre associação, cada qual um deus.
Tolerasse eu ser escravo, jamais invejaria
Essa floresta e me sujeitaria à vida gregária.
Não estivesse meu coração cativo dessa vida
E do amor, quanto e agradaria viver à sombra vossa!


DIE EICHBÄUME
Friedrich Hölderlin (1770-1843)

Aus den Gärten komm ich zu euch, ihr Söhne des Berges!
Aus den Gärten, da lebt die Natur geduldig und häuslich,
Pflegend und wieder gepflegt mit dem fleißigen Menschen zusammen.
Aber ihr, ihr Herrlichen! steht, wie ein Volk von Titanen
In der zahmeren Welt und gehört nur euch und dem Himmel,
Der euch nährt' und erzog, und der Erde, die euch geboren.
Keiner von euch ist noch in die Schule der Menschen gegangen,
Und ihr drängt euch fröhlich und frei, aus der kräftigen Wurzel,
Untereinander herauf und ergreift, wie der Adler die Beute,
Mit gewaltigem Arme den Raum, und gegen die Wolken
Ist euch heiter und groß die sonnige Krone gerichtet.
Eine Welt ist jeder von euch, wie die Sterne des Himmels
Lebt ihr, jeder ein Gott, in freiem Bunde zusammen.
Könnt ich die Knechtschaft nur erdulden, ich neidete nimmer
Diesen Wald und schmiegte mich gern ans gesellige Leben.
Fesselte nur nicht mehr ans gesellige Leben das Herz mich,
Das von Liebe nicht läßt, wie gern würd ich unter euch wohnen!


HÖLDERLIN, Friedrich. Poemas. Seleção, tradução, introdução e notas José Paulo Paes. São Paulo: Companhia das Letras, 1991. p.61

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