Aquela casinha simples
De uma porta e uma janela Um casal recém-casado
Tão feliz morava nela
Lugar melhor não havia
Que coisa mais linda aquela
Muito amor muita esperança
Pouca coisa na panela
Gostava da luz da lua
Mas se amava à luz da vela
E a voz suave da brisa
Cantava pra ele e ela
Pra ela ele era tudo
Pra ele tudo era ela
Daquele rancho pequeno
Fizeram sua aquarela
Ele um rapaz sonhador
Ela uma linda gazela
Não tinha água encanada
TV pra assistir novela
O brilho dos pirilampos
Lindo contraste da tela
Embalava um lindo sonho
De se casar na capela
A porta daquela casa
Tão docemente singela
Tinha ao invés de chave
Uma pequena tramela
Pra que o acesso pudesse
Ser feito pela janela
Um prato uma colher
Um copo e uma tigela
Uma faquinha de mesa
Um pires pra por a vela
Uma cama de solteiro
E um cobertor de flanela
Revivendo aquele tempo
Vejo o quanto a vida é bela
Poder morar tão seguro
Numa casa igual aquela
Feita num quintal sem muro
Sem portão e sem cancela
Deus deu a mulher pro homem
Tirou-a de uma costela
Por isso que até hoje
Um ao outro se atrela
Estou ligado a você
Feito o mar e a procela
Deus nos mostrou sua glória
Conduziu a nossa história
E até na nossa vitória
Meu criador se revela...
ISAC DE MELO é poeta e músico popular acreano. Autor do livro “Urucum” (Clube de Autores, 2015). * Pintura de Mauricio Saraiva.
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"Quando se sonha só, é apenas um sonho, mas quando se sonha com muitos, já é realidade. A utopia partilhada é a mola da história."
DOM HÉLDER CÂMARA
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