Nas mais antigas lembranças que guardo de G.
B. eu era criança e ouvia a voz e suas sonoras gargalhadas já deitado no meu
quarto no meio da noite: ele e sua esposa Dinoralva iam jogar cartas na casa de
meus pais até tarde da noite – algumas vezes eles vinham, outras vezes eram
meus pais que iam na casa dos Bragas.
Ainda hoje guardo (e uso) a caneta Parker 51
que me deu como padrinho de crismas. No meu aniversário ele não trazia
brinquedos como todo mundo, mas livros de Monteiro Lobato e mais tarde a
antologia que prezo ate hoje – “Obras primas da poesia universal”, de Sergio
Milliet da Editora Martins.
Fui um dos revisores tipográficos da primeira
edição do seu “Fastigio e sensibilidade do Amazonas de ontem”.
Ele era um homem extraordinário, tocava
cavaquinho e gostava dos amigos. Dava grandes festas, a que acorria muita gente
e era um anfitrião animado. Foi diretor do Rio Negro.
Escreveu muito, mais de 1100 crônicas que
ainda estão nos jornais de Manaus e correm o risco de se perder. Principalmente
no “Jornal do Comércio”. Algumas são pura poesia.
Ele era um homem que abria um vasto sorriso
com facilidade. Era meu pai espiritual e eu o acompanhei durante sua vida
literária e jornalística. Com 18 anos vim para o Rio de Janeiro, mas sempre o
visitava quando ia a Manaus. Estive
presente no Rio de Janeiro quando ele recebeu a Medalha de Mérito da Ordem dos
Velhos Jornalistas; estive no hospital em Belo Horizonte quando operou os
olhos; e o visitei perto do fim de sua vida, quando já não falava, vítima de um
AVC. Ele nasceu em 6 de dezembro de 1906 em Santarém, no Pará; e faleceu com 81
anos de idade em Manaus, em 19 de junho de 1988.
Foi jornalista, cronista, professor
universitário, bibliotecário, diretor da Biblioteca Pública do Estado por
muitos anos, membro do Conselho Estadual de Cultura e da Comissão Permanente de
Defesa do Patrimônio Histórico e Artístico do Amazonas, redator oficial do
Gabinete do Governador do Estado e integrante do Instituto Nacional de
Pesquisas da Amazônia - Inpa.
Curiosamente, em 1935 elegeu-se Deputado à
Assembleia Legislativa do Estado.
É nome de rua, desde aquela época, no Japiim,
em Manaus; membro da Academia Amazonense de Letras (desde 1951/1952); membro
da comissão de reforma do Teatro
Amazonas no governo João Walter de
Andrade (1971-1974), de cujo gabinete era redator especial.
Como jornalista começou em 1927, no Jornal do
Comércio, onde escreveu por mais de vinte anos. Recebeu a Medalha do Mérito
Jornalístico (1971), participou da fundação da Associação Amazonense de
Imprensa (1937), e foi escolhido jornalista do ano em 1965 e 1973, em eleição
pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Amazonas.
Recebeu até a Medalha Machado de Assis
da Academia Brasileira de Letras. Sua
biblioteca pessoal tinha livros autografados por grandes nomes da literatura
brasileira e ele era amigo de Álvaro Maia.
Escreveu: “Nascença e vivência da Biblioteca
do Amazonas”, (1957), que eu digitalizei e está integralmente online no nosso
LIVROS ON-LINE e no nosso blog; “Fastígio e sensibilidade do Amazonas de ontem”
(1960), editora Sérgio Cardoso; “Chão e graça de Manaus”, (1975) ; “Assim
nasceu o Ideal Clube”; e “Lampejos de um cronista” (post-mortem), compilado
pelo filho Carlos Genésio em 1992.
Faleceu em Manaus em 19 de junho de 1988, aos
81 anos de idade.
Ele amava a vida. Quando vinha ao Rio, fazia
questão de tomar um chopp no Amarelinho na Cinelândia com sua esposa, onde o
acompanhei.
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GRANDE JORNALISTA, ESCRITOR PRIMOROSO, AMAVA SUA TERRA E VIVEU CERCADO DE LIVROS A VIDA TODA...
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