PRESSÁGIO
V
Amargura no dia
amargura nas horas,
amargura no céu
depois da chuva,
amargura nas tuas mãos
amargura em todos os teus gestos.
Só não existe amargura
onde não existe o ser.
Estão sendo atropelados
em seus caminhos,
os que nada mais têm a encontrar.
Os que sentiram amargura de fel
escorrendo da boca,
os que tiveram os lábios
macerados de amor.
Estão terrivelmente sozinhos
os doidos, os tristes, os poetas.
Só não morro de amargura
porque nem mais morrer eu sei.
XIX
As mães não querem mais filhos poetas.
A esterilidade dos poemas.
A vida velha que vivemos.
Os homens que nos esperam sem versos.
O amor que não chega.
As horas que não dormimos.
A ilusão que não temos.
As mães não querem mais filhos poetas.
Deram o grito
desesperado
das mães do mundo.
BALADA DE ALZIRA
VII
Restou um nome de bruma
no meu eterno cansaço.
Restou um tédio de cinza
no meu todo de silêncio.
Tanta tristeza no meu sono imenso...
HILST, Hilda. Baladas. Organização Alcir
Pécora. São Paulo: Global, 2003.p.27, 55,76
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"Quando se sonha só, é apenas um sonho, mas quando se sonha com muitos, já é realidade. A utopia partilhada é a mola da história."
DOM HÉLDER CÂMARA
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