Jorge Tufic Alaúzo era
natural de Sena Madureira-AC, onde nasceu no dia 13 de agosto de 1930.
Descendente de uma família de comerciantes árabes, seu pai desenvolveu suas
atividades comerciais nos seringais. Com o declínio da produção de borracha,
transferiu-se, no início da década de 40, para Manaus, onde realizou seus
primeiros estudos. Exerceu, durante boa parte de sua vida, a atividade de
jornalista. Com a aposentadoria, afastou-se do funcionalismo público. A partir
do início da década de 1990, fixou-se em Fortaleza, dedicando-se exclusivamente
à literatura. Por sua longa vivência no Amazonas, é, por isso, considerado um
dos poetas mais expressivos da moderna literatura amazonense, sua estreia
literária aconteceu em 1956, com a publicação de Varanda de pássaros.
Tufic foi um dos
fundadores do Clube da Madrugada, em 1954, um dos mais importantes movimentos
literários do Amazonas, “que objetivava a inserção do discurso artístico e do
fazer literário amazonense no cenário do Modernismo brasileiro”. Era membro da
Academia Acreana de Letras, cadeira de número 18, cujo patrono é Couto de
Magalhães; e da Academia Amazonense de Letras (desde 1969), onde também ocupava
a cadeira número 18, do patrono Jonas da Silva. No Amazonas, ainda integrava a
União Brasileira de Escritores e o Conselho Estadual de Cultura, tendo sido
também “fundador da Fundação de Cultura do Amazonas, que, mais tarde, daria
origem à Secretaria Estadual da Cultura”.
O Sindicato dos
Jornalistas do Amazonas, em 1976, o homenageou com o prêmio “Poeta do Ano”,
dado a importância de sua produtividade literária. Autor da letra do Hino do
Amazonas, cuja música é de Cláudio Santoro, ao alcançar o primeiro lugar, em
concurso nacional, promovido pelo então governador José Lindoso,
no ano de 1980.
Jorge Tufic faleceu
em São Paulo-SP, quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018, acometido por um câncer
no pulmão.
OBRAS
POESIA
Varanda de
pássaros, 1956;
Pequena antologia
madrugada, 1958;
Chão sem mácula,
1966;
Faturação do ócio,
1974;
Cordelim de
alfarrábios, 1979;
Os Mitos da criação
e outros poemas, 1980;
Sagapanema, 1981;
Oficina de textos,
1982;
Poesia reunida,
1987;
Retrato de mãe,
1995;
Boléka, a onça
invisível do universo, 1995;
Os quatro
elementos, 1996;
A insônia dos
grilos, 1998
Sinos de papel,
1998;
Quando as noites
voavam, 1999;
Sonetos de Jorge
Tufic, 2000;
Dueto para sopro e corda,
2000;
Poema-Coral das
Abelhas, 2003;
Cordelim de
Alfarrábios II, 2003.
CONTO
O outro lado do rio
das lágrimas, 1976;
Os filhos do
terremoto, 1976.
ENSAIO
Américo Antony – O
Guru da Amazônia, 1978;
Os códigos abertos
(fragmentos), 1978;
Existe uma literatura
amazonense, 1982;
Roteiro da
literatura amazonense, 1983;
Literatura
Amazonense: uma proposta de linguagem, 1986;
Curso de Arte Poética,
2002;
Amazônia – o massacre
e o legado, 2011.
CRÔNICA
Tio José, 1976
MEMÓRIA
A Casa do tempo,
1987
ROMANCE
Um Hóspede Chamado
Hansen, 2009
*
“O discurso poético
de Jorge Tufic se desenrola no curso dessas duas margens: de um lado, a margem
reflexiva, identificado com a dimensão transcendental da existência, marcada
por forte conteúdo existencial. A outra margem do discurso poético de Tufic se
fundamenta nas preocupações formais e no caráter experimental de seu processo
de criação. sua produção literária é uma evidência de sua identificação com o
universo regional, seu esforço em criar uma obra identificada com os mitos,
anseios e esperanças do homem da Amazônia”. (Tenório Telles, apresentação in Varanda de Pássaros (Valer, 2005)
ERA UMA VEZ UM
CALIFA
Ao poeta Jorge Tufic
Era um califa
amante dos bons vinhos
das mulheres, das
armas, dos cavalos
das auroras
sonhadas pelos galos
dos augúrios dos
magos e adivinhos.
Padecia da insônia
do espantalho
prezava o amor e as
artes do negócio
passava noites
cavalgando o ócio
de todas as
donzelas do serralho.
(Um vento de
presságio veio vindo
do mar, das naus
ancoradas no porto.
O que era sonho,
agora é destino).
Provou do amor de
mais de cem fidalgas
até que um dia foi
achado morto
sob o luar de
sangue das adagas.
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"Quando se sonha só, é apenas um sonho, mas quando se sonha com muitos, já é realidade. A utopia partilhada é a mola da história."
DOM HÉLDER CÂMARA
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