sábado, 9 de junho de 2018

LAMBANÇAS E LEMBRANÇAS

Leila Jalul

Amanheci este radioso dia lembrando da confreira Marlize Braga e sua secretária Mudinha, hoje funcionária da Jorgedete Maria Thomaz, minha comadre de fé e irmã camarada.

Marlize adorava cozinhar. Adorava mais ainda comer, principalmente comida paraense, sem se importar com as ‘frescuras’ de calorias e outros ‘quetais’. Mas, imperfeita como todos, odiava trabalhar e, para seu conforto, jogava nas costas da Mudinha o trabalho pesado.

E quem é Mudinha?

Mudinha é uma menina que Deus mandou nascer menino, por uma simples birra da natureza. Mas, teimosa, engoliu cobras e lagartos para se firmar. E firmou-se, sem queixar-se dos insultos, sem mimimis ou fricotes.

Ela e Marlize formavam um dueto exemplar. Havia conflitos? Raros, mas havia.
Num domingo, enquanto esperávamos que uma gororoba chamada maniçoba (desculpe, Camila Cabeça) desse ponto, Mudinha começou a gritar, apontando para o fundo do quintal.

– Ô, ô, ô, ô. Ê, ô, ê, ô.

Gesticulava levantando e arriando as duas mãos e emitindo um som: che, che, cho, choooooooo.

Para de frescura, Mudinha! – falou Marlize.

De repente um estrondo que mais parecia uma batida de carro.
Corremos para ver. A caixa d’água havia estourado. Explodiu, literalmente. Os cacos voaram na direção dos quatro ventos.

Mudinha, trêmula, olhos marejados, parecia pedir perdão pelo ocorrido. Marlize abraçou-a com afeto e disse-lhe: Calma. Mudinha! A maniçoba tá pronta? Vem cá, deixe eu lhe dar um beijo.

Detalhe: a gororoba da maniçoba (perdão, Camila Cabeça) estava uma delícia.
Comemos como anjas. A caixa d’água ficou pra depois da ressaca.

Desesperar, roer as unhas, tomar lexotan, jamais!

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DOM HÉLDER CÂMARA


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