Fátima Almeida e
Afonso Gondim no barco ancorado à margem do rio Acre.
Julho de 1991 – Porto
Acre - AC. Foto: Valdirene
Mendes
Acervo Digital: Deptº de Patrimônio Histórico e Cultural – FEM
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Estava em Porto
Acre, com Afonso Godim, que era responsável pela sala memória instalada na
antiga Igrejinha de madeira, com exposição permanente de artefatos encontrados
naquela área, de uso dos combatentes da chamada revolução acreana que teve seu
desfecho naquela localidade. Soubemos, então, de um cemitério de telhas rio
acima, quando fretamos uma canoa com motor de popa para ver isso de perto. E
foi surpreendente botar os pés no seringal Bom Destino, porque a subida era
calçada com ladrilhos, ladeada de árvores e o ancoradouro tinha sido feito de
concreto porque ainda restava um pedaço do mesmo. O chalé situado no topo ainda
tinha a fachada de madeira, amplas janelas, bandeirolas de vidro fundido, nas
cores vermelho, azul e amarelo, de origem francesa. Muito amplo, o chalé, pé
direito alto, tábuas resistentes, sendo que a parte dos fundos tinha desabado.
Vimos o banheiro de alvenaria, com canos Made
in England e próximo, o pequeno cemitério com sepultura de um infante, pelo
anjo encimado. Mais recuado, um galpão com centenas de telhas empilhadas, onde
se lia “Marselha”. Na frente, duas
castanholeiras espanholas completavam o fausto e a elegância de uma residência
de autêntico Coronel de barranco. Propriedade de Joaquim Vítor, nas primeiras
décadas e de Rosas Sobrinho, nas seguintes da primeira metade do século 20.
Joaquim Vítor, como se sabe, foi um dos incentivadores e financiadores das
batalhas contra o exército boliviano entre 1902 e 1903.
A famosa Igrejinha
de ferro, pré-fabricada, na Alemanha, que teria sido comprada devido a uma
promessa feita por Joaquim Vítor, não se encontrava mais no ex-seringal.
Soubemos que populares de Porto Acre pretendiam desmontá-la para fazer forno de
padaria e que Padre José Carneiro, que fazia desobrigas por todo o Vale do
Acre, assim como seu irmão, Padre Pelegrino, pediu ao comandante do exército no
Acre para retirar a igrejinha do local. Conta-se que os soldados fizeram isso
em pleno inverno, com muita chuva. Certo é que a igrejinha de ferro foi salva e
hoje fica em território do 4º BIS, com um sargento capelão.
Os próximos passos
foram mobilizar amigos interessados em Patrimônio Histórico, como Dalmir
Ferreira e a arquiteta Edunyra Assef, que tinha realizados projetos para o
IPHAN de Manaus e em Rio Branco, no caso da Tentamen. Fizemos uma segunda
excursão, com a arquiteta, a escritora Florentina Esteves, a presidente da
Fundação Cultural do Estado, Silene Farias. Ozi Cordeiro, do teatro, também nos
acompanhou e meu filho Marcel, com dois anos e meio. Foi quando Edunyra tirou
muitas fotos para apoiar futuro projeto de reconstrução ou reforma. Na capa de
um dos livros de Florentina Esteves, estamos nós numa dessas fotos, coisa que é
de lamentar não haver os créditos na contra capa. Dalmir Ferreira fez nova
excursão, desta feita para acampar no local, quando fez as medições necessárias
durante dois ou três dias para poder refazer a planta baixa.
Um terceiro passo
foi formar uma comissão para visitar o proprietário do Bom Destino e algumas
instituições para fazer frente ao processo de Tombamento. Josecília, do SESC,
nos acompanhou nessa ideia. E demais pessoas que haviam feito o minicurso de
História Oral, dado por mim e participado do Seminário de Patrimônio Histórico
que também havíamos realizado, no Museu da Borracha. Ao final, restamos três
pessoas, eu, Josecília e Dalmir, cansados de rodar na velha Toyota dele atrás
de apoio para a causa.
Por fim, Jorge
Vianna chegou ao governo e sua equipe entrou em contato com Dalmir Ferreira e
Edunyra Assef, para a reforma ou reconstrução do casarão do Bom Destino, o que
foi feito. E daí por diante, é mais fácil saber como as coisas foram
acontecendo...
GALERIA DE FOTOS
Barco ancorado na
praia do Seringal Bom Destino.
Julho de 1991. Porto
Acre - AC
Foto: Valdirene
Mendes
Acervo Digital:
Deptº de Patrimônio Histórico e Cultural - FEM
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Afonso Gondim e Fátima Almeida. |
Vista parcial do
cemitério do Bom Destino em ruínas, com o anjo esculpido.
julho de 1991. Porto
Acre - AC
Foto: Valdirene
Mendes
Acervo Digital:
Deptº de Patrimônio Histórico e Cultural - FEM
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Fátima Almeida e
Afonso Gondim vistoriando o casarão, rodeando pela vegetação.
Julho de 1991. Porto
Acre - AC
Foto: Valdirene
Mendes
Acervo Digital: Deptº de Patrimônio Histórico e Cultural - FEM
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Fátima Almeida e
Afonso Gondim vistoriando o casarão, rodeando pela vegetação.
Julho de 1991. Porto
Acre - AC
Foto: Valdirene
Mendes
Acervo Digital: Deptº de Patrimônio Histórico e Cultural - FEM
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Lateral esquerda da
casa do gerente do Seringal Bom Destino.
maio de 1991. Porto
Acre - AC
Foto: Valdirene
Mendes
Acervo Digital:
Deptº de Patrimônio Histórico e Cultural - FEM
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Detalhe interior do Chalé. |
Detalhes da varanda
(corredor) do chalé do seringal Bom Destino.
Julho de 1991. Porto
Acre – AC
Foto: Valdirene
Mendes
Acervo Digital:
Deptº de Patrimônio Histórico e Cultural - FEM
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BOM DESTINO EM 2018
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"Quando se sonha só, é apenas um sonho, mas quando se sonha com muitos, já é realidade. A utopia partilhada é a mola da história."
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