quarta-feira, 11 de julho de 2018

GISELDA

Reginaldo Castela e Eliana Castela


Não assisti por displicência,
a importância de ver
O tempo pulverizar flocos de neve
Em teus cabelos negros.

Hoje tua cabeça branca
espelha os anos vividos

Tua alegria jovial expressa em sorrisos
também nas faces a raiva às injustiças
Agora teus gestos lentos expressam sua luta
Para não satisfazer as limitações do corpo.

Tua voz perdeu o forte timbre
Que minha memória gravou na infância
Hoje é voz baixa, pausada…
Mas tudo é surpresa em ti
Vigorosa mulher.

Recordo ainda teus braços fortes
lavando, passando, construindo nossa casa,
com suas próprias mãos,
subindo e descendo os barrancos do rio
com latas d´água nas mãos.

Teus poucos anos de escola
Não te aluíram de alfabetizar oito filhos
Lavou, passou,
Cozinhou, costurou…
Fez muito mais que isso
Dessa concretude
(desde o mais cru ao mais concreto ou cozido)

À parte mais espiritual de nossas relações
Àquelas que nos sustentam e mantém o elo.
Que bom poder dizer isto a ti agora
No momento que ainda vives,
embora, viverás para sempre em nossa memória e em nosso coração.


Publicado originalmente em:

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"Quando se sonha só, é apenas um sonho, mas quando se sonha com muitos, já é realidade. A utopia partilhada é a mola da história."
DOM HÉLDER CÂMARA


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