Jamescley Almeida de
Souza
Mestre em Letras
(UFAM)
RESUMO:
Com 14 romances publicados, Paulo Jacob
(1923-2004) é, talvez, o maior nome do romance de ficção do Amazonas. Estreando
com Muralha verde (1964) e finalizando com Tempos
infinitos (1999), o autor não somente conseguiu assegurar o seu lugar
na literatura de expressão amazonense como conseguiu transpor as barreiras do
regionalismo e ganhar visibilidade a nível nacional. Por duas vezes chegou
perto de ganhar o prêmio literário Walmap: uma com Chuva branca (1968),
o seu mais famoso livro, e outra com Dos ditos passados nos acercados
do Cassianã (1969). Sua obra é conhecida e cumprimentada por projetar
os tipos, os costumes, o mundo linguístico e a realidade da Amazônia
brasileira. A recriação do modo de falar do típico homem rural da Amazônia
efetuada por ele chegou a ser comparada com aquela feita por Guimarães Rosa em
relação ao homem do sertão das Gerais. Hoje, Paulo Jacob é um nome certo no
cânone regional e leitura obrigatória para quem deseja conhecer a Amazônia por
meio do romance de ficção. Este trabalho se propõe a levantar a fortuna crítica
deste autor.
Palavras-chave: Paulo Jacob. Fortuna crítica. Romancista. Amazônia.
ABSTRACT:
With 14 novels,
Paulo Jacob (1923-2004) is presumably the greatest name of the fictional novel
from Amazon. Making his debut with Muralha verde (1964) and closing
with Tempos infinitos (1999), the author not only secured his place
inside the Amazonian literature but also surpassed the regionalism limits and
was capable of achieving national visibility. Twice in his life almost won the
Walmap Literary Award: firstly with Chuva branca (1968), his most
famous book, and afterward with Dos dittos passados nos acercados do
Cassianã (1969). His work has been known and hailed by showing
characters, customs, way of speaking, and the reality from Brazilian Amazon.
The recreation of the Amazonian typical rural man’s way of speaking made by him
was compared to that performed by Guimarães Rosa with regard to the backlands
of Minas Gerais. Nowadays, Paulo Jacob is a valued name inside the Amazon
literary canon, as well as a compulsory reading for those who want to know the
region through a fiction novel. This article intends to survey the critical
fortune about Paulo Jacob.
Keywords: Paulo Jacob. Critical fortune. Novelist. Amazon.
Introdução
Comumente empregada
em pesquisas na área de literatura, a fortuna crítica é um método de
investigação que tem por objetivo inventariar o acervo de críticas sobre um
autor ou obra publicada (romance, conto, poesia etc). O inventário ou o
conjunto dessas críticas visam à sua fortuna crítica, ou seja, ao seu
enriquecimento crítico.
Como as críticas
são, grosso modo, a matéria-prima com a qual conta o estudioso para
levantar a fortuna crítica de um autor ou de uma obra, é possível dizer que,
neste sentido, quase não importa a diferença entre encômios ou opiniões
desfavoráveis em relação ao objeto: o que parece valer realmente é ter críticas
para apresentar, ou seja, ser criticado. Quem se lança ao uso do método,
portanto, mais do que se contentar por encontrar consideráveis punhados de
elogios sobre o seu autor, deve realizar-se mesmo em poder contar coma
existência de críticas, sejam elas favoráveis ou não. Autor ou obra afortunada
é autor ou obra lembrada, criticada.
Utilizando-se,
portanto, da fortuna crítica como método de pesquisa, este trabalho tem como
objetivo proceder ao levantamento das críticas já realizadas sobre o romancista
Paulo Jacob.
Paulo Jacob: perfil
Descendente de judeus
sefarditas transferidos para a Amazônia (BENCHIMOL, 1999, p. 78), Paulo Herban
Maciel Jacob (1923-2003), ou Paulo Jacob, como ficou conhecido, nasceu em
Manaus (AM). Seu pai se chamava Hermeto de Sá e Silva Jacob, e sua mãe, Josefa
Maciel Jacob. Ambos eram sefarditas, judeus que se estabeleceram na Península
Ibérica (Sefarad, em hebraico) desde a era das navegações fenícias
(SILVA JÚNIOR, 2009). Acredita-se que para lá migraram massivamente a partir do
ano 49 d.C., época em que o imperador Cláudio (10 a.C-54 d.C.) decretou a
expulsão de todos os judeus da cidade de Roma (BARKER; BURDICK, 2003, p. 1892).
Posteriormente,
perseguidos pela inquisição espanhola (1478-1834), muitos deles migraram para o
norte da África, em especial, para o Marrocos. E é a partir desse país,
precisamente da cidade de Tetuão, na região de Tanger, que jovens judeus serão
incentivados a “migrar para outros países que pudessem oferecer melhores
oportunidades para viver e manter as suas tradições judaicas” (SALGADO, 2010).
Muitos migraram para a Amazônia, chegando a partir de 1810. Uma característica
desse emigrante judeu-marroquino — formado pela Aliança Israelita Universal de
Marrocos — era a de ser alguém educado para o trabalho. Como poliglotas, muitos
servirão de “intérpretes e intermediários entre os ingleses, alemães e
franceses e os barões e comendadores portugueses das casas aviadoras”
(BENCHIMOL, 1999, p. 78). Em razão disso e de sua contribuição para a formação
social e cultural da Amazônia, Araújo (2003, p. 115) pede que ninguém se
esqueça da quota de sangue judeu que está no sangue amazonense.
Paulo Jacob era
formado em Direito (antiga Faculdade de Direito do Amazonas, hoje UFAM) e
exerceu a carreira de magistrado em várias cidades do interior de seu Estado.
Nomeado juiz municipal no Termo de Itapiranga (AM), no baixo Amazonas, nesta
cidade começou a percorrer a Amazônia e a observar o drama social de seu homem
em 1951. Nos idos de 1952, prestou concurso e tornou-se juiz de Direito da
comarca de Canutama (AM), cidade fundada em 1874 às margens do rio Purus, o
mesmo rio navegado por Euclides da Cunha (1866-1909) na função de chefe da
comissão brasileira de reconhecimento do Alto Purus (GUEDELHA, 2013, p. 17). No
ano seguinte, em 1953, é removido para a comarca de Manacapuru (AM), lugar onde
trabalhará até 1961, ano em que será promovido a Juiz de Direito da Capital —
Manaus (AM). Três anos depois, em 1964, é alçado ao cargo de desembargador, e
em 1967, ao de Corregedor-Geral de Justiça. Em 1968 foi Vice-Presidente do
Tribunal de Justiça do Amazonas (TJ-AM), assumindo a presidência no biênio de 1982
e 1983. Durante este período, como Presidente do TJ-AM, Paulo Jacob chegou a
assumir o Governo do Estado do Amazonas (JACOB, 1987, p. 7).
Como professor,
lecionou disciplinas do Direito na Universidade do Amazonas (à época sob a
sigla de UA, passando, posteriormente, a UFAM) durante dez anos. Foi membro do
Instituto Geográfico e Histórico do Estado do Amazonas (IGHA), da Academia de
Letras Jurídicas do Amazonas e, de 1971 a 2003, tornou-se um imortal como
membro da Academia Amazonense de Letras (MENDONÇA, 2012).
Paulo Jacob: obra
Segundo o ensaísta e
crítico literário Rogel Samuel (2008), “Paulo Jacob escreveu muito”. Ao todo,
entre inúmeros trabalhos jurídicos, sentenças e acórdãos na Revista Forense
(JACOB, 1987), foram 14 romances publicados, incluindo um Dicionário da
língua popular da Amazônia (1985). Quinze livros, em um período de 35
anos: de Muralha verde (1964) a Tempos infinitos (1999
[2004]). Durante esse tempo, ele recriou o modo de falar da Amazônia e
descortinou a realidade vivida pelo homem que ocupa este espaço.
Paulo Jacob estreou
como ficcionista em 1964, com Muralha verde. Composto por 32
capítulos, o romance relata a história de diferentes pessoas, de vários
lugares, incluindo desde casais de Salvaterra (Portugal) — como Ângela e Pedro,
assim como Paulo e Janete, na região do Minho — a sertanejos que lutam contra a
seca no nordeste brasileiro, passando, ademais, por Manaus e Manacapuru (AM). É
notório o trabalho que Paulo Jacob faz, no romance, em relação à linguagem, de
modo a impregnar cada história com a toponímia do espaço mostrado. No capítulo
VII, por exemplo, intitulado “O casamento”, o espaço só é claramente declarado
por volta do parágrafo dezoito — quando diz “em Manaus” —, mas o emprego de
palavras como “friagem”, “miçanga”, “canjica” e “tacacá” prenuncia, de antemão,
o espaço físico onde a cena se passa. O mesmo pode ser dito em relação à
toponímia da região do Minho e do nordeste.
No ano seguinte,
lança Andirá (1965), romance que dedica ao amigo e historiador
Arthur Cezar Ferreira Reis (1906-1993). Andirá é o nome de um seringal lá para
as bandas do rio Juruá. Com o livro, o escritor engrossa a coleção das obras
que tratam da temática do “ciclo da borracha”: O paroara (1899), Inferno
verde (1908), Deserdados (1921), A
selva (1930), Amazônia que ninguém sabe (1932), Terra
de ninguém(1934), Marupiara (1935), Um punhado de
vidas (1949), No circo sem teto da Amazônia (1955), Beiradão (1958), Arapixi (1963), Terra
firme (1970), Coronel de barranco (1970), Regime
das águas (1985) e O amante das amazonas (1992)[i].
Em 1968 surge o seu
mais famoso romance, Chuva branca, com o qual conquista o 4º
lugar do mais prestigiado prêmio literário do país à época — o Walmap. Narrando
a história do ribeirinho Luis Chato, Jacob mostra que esta Amazônia vive
infiltrada por mitos, por crendices e por sincretismo religioso (SOUZA; LOURO,
2014, p. 136). O trabalho com a linguagem também é destaque, como observa Louro
(2007, p. 76), em relação “à invenção de palavras à lavra de Guimarães Rosa”.
No ano seguinte,
tenta novamente o prêmio Walmap e, desta vez, quase o vence. Dos ditos
passados nos acercados do Cassianã (1969) conquista o 2º lugar. Samuel
(2008) o chama de um livro “excelente”, “denso”. E Lima (2006), em sua
dissertação de mestrado, enfatiza o fato de se tratar de um romance em que “o
perfil quase unânime do seringalista cruel sofre uma alteração”, bem diferente
do coronel Cipriano Maria, personagem de Cláudio de Araújo Lima (1908-1978)
em Coronel de Barranco (1970):
Anastácio Trajano, a personagem do seringalista, foge em mais de um
ponto ao tipo inescrupuloso, determinado em outras obras, pois cumpre as
obrigações patronais, inclusive o pagamento do saldo aos seringueiros, não os
submete aos castigos físicos usuais e não se nega a ajudá-los quando necessitam
de seus favores. O romancista não deixa, todavia, de expor o caráter do
seringalista perverso em outra personagem do romance, Macário Gomes, antítese
de Anastácio Trajano. Macário, através de sua índole sórdida, é que, na
verdade, domina a ação da narrativa da metade até o final. O romance não
promove uma oposição duradoura entre as personagens que representam o bom e o
mau seringalista. Saindo Anastácio Trajano de cena, o vil Macário Gomes
predomina, à semelhança dos tipos característicos de outras obras. Em virtude
disso, a presença no romance do seringalista que foge ao tipo corriqueiro não
leva a uma completa diversificação, apaga-se como se tivesse apenas o objetivo
de apresentar um exemplo de bom seringalista. Explicita-se que o romancista não
tencionava levar a cabo uma luta do bem contra o mal, o desaparecimento da
personagem Anastácio Trajano não possibilita que essa luta seja o desfecho do
romance. O fim do seringalista mau é selado por seus próprios capangas, que se
cansam de seus atos perversos e o assassinam (LIMA, 2006).
No triênio 1974-1976
lança dois livros: Chãos de Maíconã (1974), que recebeu menção
honrosa no prêmio Walmap do ano anterior, contando em anexo um vocabulário da
língua ianõnãme. E Vila rica das queimadas (1976), livro que
o autor dedica “à colônia sírio-libanesa, pioneiros fenícios da integração da
Amazônia”. O romance está dividido em duas partes, com 15 capítulos cada.
Estirão de
mundo sai em 1979, e é consagrado aos seus amigos Jarbas Passarinho (1920-2016)
e Arthur Cezar Ferreira Reis. O romance possui 50 capítulos e, mais uma vez, o
magistrado projeta a Amazônia ribeirinha, a “Terceira Amazônia”[ii],
como a chamou Djalma Batista (2007, p.114-115). Este é o espaço onde vive o
homem rural amazônico, distribuído pelos seus povoados, vilas, comunidades,
sítios, freguesias, colocações, fazendas, aldeias, seringais e castanhais. Esta
é a Amazônia de “Chico Peba do Aninga”, a Amazônia do “estirão de mundo”
(JACOB, 1979, p. 7).
Autor fecundo, da
estirpe de Lope de Vega (1562-1635) — o mais fértil da literatura universal
(CARPEAUX, 2011, p. 706) —, Paulo Jacob publica, entre 1983 e 1987, mais dois
romances: A noite cobria o rio caminhando (1983) e O
gaiola tirante rumo do rio da borracha (1987). No primeiro, narra a
história de uma família de caboclos obrigada a migrar para Manaus, em busca da
sobrevivência, que se tornou impossível no interior. Já no segundo, de acordo
com Samuel (2008):
narra a viagem de um navio, um gaiola, um barco a vapor, saindo de Belém
até o outro lado da Amazônia, no rio Purus até subir o rio Iaco, onde o navio
naufragou e ali se soube que o preço da borracha despencara, de quinze mil réis
caiu para oito, pondo na falência todos os coronéis. O personagem é o
Comandante Antonio Damasceno.
Um quarto de século
após haver estreado como ficcionista, Jacob decide homenagear o povo de Israel,
a memória de seus antepassados, com Um pedaço de lua caía na mata (1990).
O autor já havia reivindicado a quota de sangue judeu que está no sangue
amazonense, quando inseriu o comerciante Salomão — personagem de Chuva
branca — em sua ficção amazônica. Mas, agora, ele dedica um romance
inteiro “a ti Israel, a quem os séculos pesam dor, sofrimento, resignação, amor
à Torá e temor a Deus, este livro” (JACOB, 1990, p. 5). Em 46 capítulos, cada
um levando um nome em hebraico, cuja tradução é apresentada em um glossário ao
final do livro, conta-se a história de Salomão, comerciante judeu que vive na
Amazônia e luta diariamente para conciliar sua crença e suas tradições com a
realidade do lugar.
Ainda na década de
1990, lança seus quatro últimos livros: O coração da mata, dos rios,
dos igarapés e dos igapós morrendo (1991), título com o qual ele denuncia
“o desmatamento”, nas palavras de Samuel (2008); Amazonas, remansos, rebojos
e banzeiros (1995), que traz para a ficção a imagem de uma das maiores
árvores da Amazônia, a sumaumeira (Ceiba pentandra), aqui quase
antropomorfizada; Assim contavam os velhos índios ianõnãmes (1995),
onde o autor faz o índio Mucurutama empregar mitos teogônicos (“Ianrum, Deus —
o Trovão” e “Xotare, Demônio”) e mitos etiológicos (“As pernas finas do veado”
e “O beija-flor e a tia anta”) para contar ao neto Maíconã as lendas dessa
tribo. E, por último, Tempos infinitos (1999), momento em que volta
à temática da borracha, ao narrar a história de Maria Mariana, “Mulher
Jurupari, a mulher urarecuéra (nasceu veneno)”, dona do seringal Cabuquena, no
rio Madeira.
Paulo Jacob: uma
fortuna crítica
Rogel Samuel (2008) —
também judeu da Amazônia — chega a apresentá-lo nestes termos: “Sob vários
aspectos, ele é o maior romancista da Amazônia. Não é muito lido, conhecido,
porque autor difícil, sofisticado”. Crítico literário, Kruger (2005, p. 14) a
ele se refere como sendo “autor de livros que compõem o cânone regional, como o
título Assim contavam os velhos índios ianõnãmes”. Arthur Cezar
Ferreira Reis, ao apresentar Andirá, chega a dizer que “seu
primeiro romance [Muralha verde] assegurou-lhe uma posição de vanguarda
nos círculos intelectuais de nossa terra” (JACOB, 1965). Para Leila Míccolis
(1947-...), roteirista das novelas Barriga de aluguel (1990) e Mandacaru (1997),
ele é “o Guimarães Rosa da Amazônia” (SAMUEL, 2008). E em 2012, ano em que o
Governo do Estado do Amazonas (2002) tomou a decisão de homenagear “quatro
grandes autores amazonenses”, pela Bienal do Livro, Jacob estava lá, ao lado de
Álvaro Maia (1893-1969), Arthur Reis e Aníbal Beça (1946-2009).
Com seus dois primeiros
romances, Muralha verde e Andirá,
Paulo Jacob foi apresentado ao público amazonense. A aparição a nível nacional,
entretanto, só veio com Chuva branca e o prêmio Walmap. Ao lado de
Assis Brasil (1932-...), ele foi um dos escritores que souberam aproveitar o
Walmap como vitrine. Neste sentido de descoberta, sobre os idos da década de
1960, fala o escritor Antonio Olinto (1919-2009):
O prêmio Nacional Walmap foi o primeiro grande prêmio literário
brasileiro. Descobrimos autores como Assis Brasil, Maria Alice Barroso, Paulo
Jacob e Octávio Mello Alvarenga, entre muitos outros. Quando convidei Jorge
Amado e Guimarães Rosa para comporem comigo a comissão julgadora de um dos
prêmios, ambos deixaram documentos sobre a alegria de participarem do
julgamento e da abrangência do prêmio.
Chuva Branca pode não ser a
obra-prima do magistrado. O livro com o qual mais perto chegou de conquistar o
Prêmio Literário Nacional Walmap foi Dos ditos passados nos acercados
do Cassianã. Todavia, Chuva Branca é o livro pelo qual ele
é mais conhecido. É um livro gostoso de ler, como expressou Robério Braga:
“Aprecio livros que são gostosos de ler, como 'Chuva Branca', do Paulo Jacob, e
'Céu de Nazareno', do Max Carphentier” (HENRIQUES, 2012). Sobre Chuva
branca, Samuel (2008) lembra o entusiasmo que teve Guimarães Rosa
(1908-1967) por Chuva branca, registrado em carta de Jorge
Amado (1912-2001) enviada a Paulo Jacob, conforme trecho publicado na “orelha”
de Tempos infinitos:
Querido Paulo, tomei conhecimento de tua literatura em 1967 quando, com
Guimarães Rosa e Antonio Olinto, fui juiz de um premio Walmap e um dos livros
premiados foi o belo Chuva Branca de tua autoria. Recordo
ainda hoje o entusiasmo do Rosa pelo teu livro, entusiasmo que foi igualmente
meu e do Olinto. De então pra cá, tenho sido admirador ardoroso de teu trabalho
de romancista.
Com mesa formada por
Jorge Amado, Guimarães Rosa e Antonio Olinto, o Walmap foi o maior e mais
importante prêmio literário do Brasil. O projeto nasceu em 1964 e foi
idealizado por José Lins e Antonio Olinto, que o lançaram na coluna “Porta de
Livraria” do jornal O Globo. O prêmio era uma homenagem ao tio
de José Lins, Waldomiro Magalhães Pinto, o primeiro presidente do Banco
Nacional de Minas. O nome “Walmap” vem das iniciais de Waldomiro: Wal(domiro)Ma(galhães)P(into).
A respeito de Chuva
branca, também se manifestou Aguinaldo Silva (1943-...): “digno da projeção
alcançada com o Walmap, Paulo Jacob coloca-se, com este Chuva Branca,
na primeira frente dos nossos ficcionistas, e faz, também, o primeiro grande
romance da Amazônia, ainda nossa” (JACOB, 1968). E Assis Brasil, igualmente
revelado ao país pela vitrine do Walmap:
o leitor leigo, contumaz palmilhador do asfalto da cidade grande, que
quiser se aproximar do mundo mágico de Paulo Jacob, terá de fazê-lo a partir
de Chuva Branca, e então o seu caminho, no intrincado da selva
amazônica, ficará mais fácil e claro, para enfrentar as outras veredas dos
demais romances do autor. Assim como é Sagarana o livro-chave
de João Guimarães Rosa e The wildpalms a obra-guia de William
Faulkner. Um aspecto tem que ser salientado na obra de ficção de Paulo Jacob: o
seu mundo linguístico, colorido e traiçoeiro, é também a significação em valor
social do sofrido homem da selva amazônica (JACOB, 2004).[iii]
Em Chuva
branca, além do trabalho com o “mundo linguístico, colorido e traiçoeiro”,
como declara Assis Brasil, Jacob se esmerou em transmitir a realidade do homem
do espaço, integrado à natureza. Nesta Amazônia — a rural — o homem forma, com os
rios e com a selva, a sua ordem natural. As forças de que o homem se diz
possuidor nela não se aplicam (TOCANTINS, 2000, p. 80). É, em parte, apontando
para esse sentido que falou Samuel (2008):
Em Chuva branca, o personagem vai-se adentrando, vai-se assimilando
na floresta, vai-se afastando da civilização, até que no fim parece que nem
existiu – vira mito. No fim, na morte, ele tira a roupa, fica nu, perdido na
mata, integrado nela, sabendo que vai morrer, perdido e integrado, no
mitificado.
Esse olhar de Paulo
Jacob sobre a Amazônia é, em certa medida, oriundo da experiência do autor.
Sabe-se que durante dez anos ele trabalhou e viveu no interior do Estado do
Amazonas, de onde retirou muito da realidade, do mito e do sincretismo
religioso da Amazônia. Esta marca aparece não só em Chuva branca, como
em praticamente todos os seus 14 romances. Com Louro (2007), a palavra: “a
experiência da vida em Jacob é a grande responsável pela formação da narrativa,
pois quem viaja e vive intensamente uma aventura, faz parte de uma grande
revolução social, conforme o momento que atravessa a vida”.
Uma realidade
amazônica notada por todos, como mostra Silva (2010), ao saudar o magistrado
por ocasião de sua aposentadoria com um acróstico de seu sobrenome, Jacob:
Juro que tentei parar o tempo. Modificar as Leis. Assim
conseguiria que ficasse conosco. Continue divulgando a JUSTIÇA em
seus livros, tão reais quanto à história do povo desta Terra. O Homem
que transfere à humanidade sua vivência através da escrita é imortal mil
vezes. Bendito sejas para sempre, por tudo que fizestes a nós.
Uma realidade,
segundo Jorge Amado, que pode ser apontada como o mais importante aspecto da
obra jacobiana:
Certa crítica nacional, sempre um pouco idiota, leva o leitor
desprevenido a crer que a maior grandeza do Rosa provém de sua experiência de
linguagem, sem dúvida da maior importância, mas não a mais importante. A
grandeza fundamental da obra do Rosa provém da vida que ele criou, do mundo que
ele recriou – aquele mundo que fica nas divisas sertanejas de Minas e Bahia,
mais baiano que mineiro – a carne e o sangue do homem brasileiro que está em
seus livros. O mesmo pode ser dito a teu respeito. Fala-se muito do trabalho de
linguagem efetuado em teus livros, notável sem duvida na reconstrução de uma
língua literária nascida da língua do povo amazônico. Penso, contudo, que o
mais importante na criação da saga jacobiana é a vida, o povo, o homem
amazônico em sua verdade, em sua miséria, em sua grandeza que o “juiz das leis”
restaura e recria e incorpora à nossa geografia literária [...] O compromisso
do romancista é com essa verdade do povo (JACOB, 2004)[iv].
Em 2004, ano de sua
morte, quando Fernando Pinto publica Memórias de um repórter e
faz uma dedicação (In memoriam) a Paulo Jacob, logo se percebe que
é este o legado literário pelo qual ele será lembrado. Eis o que ele deixa ao
partir para os “céus de Cassianã”:
A Paulo Jacob, escritor que plasmou
para a eternidade a saga da gente amazônida em seus romances, entre os quais
Chuva branca, estória de um caboclo que se perdeu na mata virgem ao seguir o
rastro de uma anta para matar a fome de sua mulher e filhos — monólogo que
Jorge Amado comparou a O velho e
o mar, de Ernest Hemingway (PINTO, 2004).
Legado que ele deixa não
só por meio de Chuva branca, mas também por meio de A noite
cobria o rio caminhando, como mostra o texto com o qual a editora Nórdica o
apresenta:
Paulo Jacob compõe, neste livro, um filme da realidade amazônica, que é
revelado em cada detalhe, como se fosse a montagem – a quatro mãos: autor e
leitor – de um quebra-cabeça chamado vida. A história de uma família de
caboclos, obrigada a emigrar para Manaus, em busca da sobrevivência que se
tornou impossível no interior, devido à penetração do capital, sai da boca do
próprio caboclo, passa pelo “laboratório” do escritor e chega ao leitor com o
impacto semelhante à conquista da linguagem ou da paixão (JACOB. 1983)[v].
E também em Andirá, como
o diz Arthur Reis, ao prefaciar a série “Raimundo Monteiro”, publicada pelo
Governo do Estado do Amazonas, que inclui o segundo romance de Jacob:
Paulo Jacob é um desses deslumbrados com o nosso mundo áspero e as
figuras que ele tem produzido [...] Seu romance de agora, com que inauguramos a
série “Raimundo Monteiro”, das coleções que o Estado lança na execução de
política cultural, tem mais vivacidade, é mais cheio de interesse, de vivência,
de realismo. Equivale, na palavra de seu autor, como pedaços de vida, história
do povo, romance da aventura do seringal, mais completo que aquele de “A
Selva”, de Ferreira de Castro, porque cobrindo um mundo mais amplo, que envolve
os participantes do seringal mais os que comandavam o diário da politiquice do
interior (JACOB, 1965, p. 12).
Metamorfoseada na
temática do ciclo da borracha, a realidade amazônica aparece também em O
gaiola tirante rumo do rio da borracha, romance cumprimentado por Lima
(2006) pela inovação na abordagem:
É também numa outra obra de Paulo Jacob, O gaiola tirante rumo
ao rio da borracha que a abordagem do ciclo se afasta do usual
binômio margem/centro para se localizar inteiramente a bordo de um barco, o
gaiola “Rio Curuçá”. Aí se movem os tipos peculiares ao tema, sendo que a
personagem do comandante do barco, secundária em outras obras, aparece com
maior destaque. Não constituindo necessariamente uma obra que apresente
aprofundamento do tema, é uma demonstração de criatividade do romancista que
cria uma imagem do gaiola representando o próprio ciclo e faz coincidir a ruína
e o desmantelamento do barco com o declínio da exploração da borracha
amazônica.
Estreitamente ligado
a essa realidade está o trabalho com a linguagem, efetuado por Paulo Jacob. E
neste ponto também chegam a compará-lo — salvaguardadas as devidas proporções —
a Guimarães Rosa, como o faz Carlos Menezes em depoimento publicado em Tempos
infinitos (JACOB, 200): “Paulo Jacob redige suas narrativas com um
idioma de grande beleza e sonoridade, emprestando com isso mais fortes
colorações e mistérios às paisagens que pinta e às emoções, angústias,
desencantos, denúncias e pureza de seus personagens”. Ou como declarou Assis
Brasil, em opinião sobre o autor no romance Estirão de mundo (JACOB,
1979, p. 2): “[Paulo Jacob] incorpora-se ao pequeno grupo de escritores
brasileiros que trabalham artisticamente a linguagem literária. Longe de
desenvolver uma linguagem difícil, rebuscada, ele faz a ficção brasileira, mais
uma vez, adquirir o nível da criação”. Ou, ainda, Marcílio Farias, em A
noite cobria o rio caminhando (JACOB, 1983): “[...] podemos dizer que
sua criação está prenhe de vida. E por isso mesmo é fértil, é grande, é sincera”.
Ao lado da projeção
da realidade amazônica, assim como da cumprimentada criação literária do mundo
linguístico da região, a obra de Jacob pode ser enfocada, ainda, do ponto de
vista da preservação da cultura. E isso ele fez, em especial, em relação à
cultura de um povo que se acreditava quase extinto: os ianõnãmes[vi].
Assim se pronuncia a matéria do jornal O Estado de São Paulo, datada
de 23 de fevereiro de 1975, e intitulada Escritor lança livro sobre
índios: “o escritor amazonense, Paulo Jacob, lançou um livro sobre a
experiência de seu convívio com os Yanomami (Waika) de quatro meses, povo que,
segundo a notícia, estava quase extinto”. O livro em questão se tratava
de Chãos de Maíconã (1974), fruto de sua experiência com os
ianõnãmes, como costumava grafar. Mais tarde, em 1995, ele publicaria uma
compilação de lendas da tribo, sob o título de Assim contavam os velhos
índios ianõnãmes, contendo quinze lendas, todas retiradas de Chãos
de Maíconã. O livro entrou no cânone amazônico, como afirma Kruger (2005,
p. 14), e se tornou uma das portas de entrada para aquele que se propõe a
conhecer e estudar a cultura ianõnãme.
Paulo Jacob teve,
ainda, um de seus romances adaptados para o cinema, como é o caso de Dos
ditos passados nos acercados do Cassianã. A roteirista Leila Miccolis o
transformou no filme “Cassianã”, e assevera: “Em cinema, meus roteiros
(inclusive meus curtas) estão todos inéditos. Deles, o que mais gosto é o
“Cassianã”, adaptação do livro premiado Dos ditos passados nos
acercados do Cassianã, do amazonense Paulo Jacob” (FAUSTINO, 2009).
Sobre o lugar que
Paulo Jacob ocupa na literatura de expressão amazonense, o depoimento do
crítico literário Rogel Samuel (2008) sobre a sua morte é enfático: “sua morte
deixa aberta a vaga de melhor romancista da região Norte”. Acontece, porém, que
opiniões como a de Rogel Samuel, além de serem por demais “contundentes”, acabam
por levantar a velha questão sobre quem seria o maior nome da literatura
amazônica. E uma abordagem que tão-somente conjecturasse mostrar Paulo Jacob
como o “melhor romancista da região Norte” deveria, antes, iniciar indicando o
lugar, nesta literatura, que cabe a figuras como o paraense Dalcídio Jurandir
(1909-1979), o acreano Araújo Jorge (1914-1987), o amapaense Alcy Araújo
(1924-1989) e o mato-grossense José de Mesquita (1892-1961). Carpeaux (2011,
pp. 807-808), ao abordar a querela sobre a grandeza entre Dante (1265-1321) e
Shakespeare (1564-1616), já apontava um possível caminho de se lidar com esse
tipo de disputa:
[...] é preciso moderar certas reivindicações: Shakespeare, se bem que
outros o tivessem igualado em dados momentos, é imensamente superior a todos os
dramaturgos da época quando se lhe considera a obra em conjunto. É o maior
dramaturgo e o maior poeta da língua inglesa. Enquanto a criação de um mundo
poético completo for mantida como supremo critério, é Shakespeare superior a
Cervantes, Goethe e Dostoievski; e só Dante participa dessa sua altura.
Enquanto Shakespeare, pela liberdade soberana do seu espírito, está mais perto
de nós e de todos os tempos futuros do que o maior poeta medieval, é
Shakespeare o maior poeta dos tempos modernos e – salvo as limitações do nosso
juízo crítico – de todos os tempos.
Portanto, a contenda
sobre quem seria o maior nome da literatura amazônica — se Dalcídio Jurandir,
se Paulo Jacob ou se Araújo Jorge etc — passa pelo eixo quem “está mais perto
de nós”. Assim, Paulo Jacob seria, hipoteticamente, maior para os amazonenses,
enquanto Dalcídio Jurandir o seria para os paraenses, e assim por diante. Pois
os paraenses estão culturalmente “mais perto” de Jurandir; e os amazonenses,
culturalmente “mais perto” de Jacob.
Todavia, em se
tratando de tentar indicar o nicho que cabe a Jacob dentro da literatura de
expressão amazonense, o depoimento de Arthur Reis, é revelador:
Magistrado, Paulo Jacob é, no entanto, para os que o lemos, uma figura
que se justifica no cenário da vida muito mais por essa sua presença na
inteligência amazonense, brasileira. Sim, brasileira porque, não tempos dúvida,
sua projeção que começa com tanto vigor vai levá-lo além de nossas fronteiras.
O filão que é a Amazônia encontra nele um dos seus mais autênticos faiscadores
(JACOB, 1965, p. 12).
Essa “inteligência
amazonense” fez dele um dos maiores “faiscadores” da linguagem, assim como dos
tipos e dos costumes da Amazônia a nível nacional. Daí Marcelo Miranda dizer
que “pelo trabalho de artista e artesão, a Amazônia fica devendo a Paulo Jacob
o mesmo que o sertão das Gerais deve a Guimarães Rosa” (JACOB, 1983)[vii].
O que fez, igualmente, o Jornal do Grande Oriente do Brasil publicar,
em maio de 1997, quando tratava da importância literária de Adirson Vasconcelos
para Brasília, que
da mesma forma como qualquer pesquisador não poderá escrever nada sobre
o Rio Grande do Sul sem consultar Érico Veríssimo, ou sobre Alagoas sem
consultar Graciliano Ramos, ou sobre a Bahia sem manusear Jorge Amado, ou sobre
Minas Gerais sem reler Guimarães Rosa, ou sobre o Amazonas sem
pesquisar os romances de Paulo Jacob [grifos meus] –, ninguém poderá
escrever sobre Brasília sem consultar alguns dos 25 livros de Adirson
Vasconcelos, todos versando sobre a Capital Federal desde a sua fundação, cinco
dos quais já foram reconhecidos como didáticos.
Dito de outra
maneira, em termos literários, Paulo Jacob é uma das portas de entrada para a
ficção sobre a Amazônia. E pela escolha do romance como gênero literário de sua
obra, ele é um dos nomes da literatura de expressão amazonense mais lembrados nesse
domínio, como mostra a matéria de Henriques (2012) para o portal G1:
Escolher uma obra como “a mais importante” de um gênero, período ou
região é, sem dúvidas, uma tarefa ingrata. Por isso, não é de se surpreender
que, ao serem indagados pelo G1 sobre qual o livro mais representativo da
história da literatura amazonense, quatro dos principais intelectuais do Estado
tenham feito uma longa pausa para pensar [...] No entanto, o secretário [de
Cultura do Estado do Amazonas, Robério Braga] afirmou ser injusto escolher
apenas uma obra, visto que a literatura produzida no Estado tem bons expoentes
em todos os gêneros. ‘Na história, eu apontaria o professor Arthur Reis; na
sociologia, André Araújo; no folclore e na história de Manaus, Mário Ypiranga
Monteiro; na poesia, Maranhão Sobrinho e Pereira da Silva; no romance,
Paulo Jacob [grifos meus] e Álvaro Maia; na poesia contemporânea, Max
Carpenthier; na fotografia, George Hubner, um grande fotógrafo da época da
borracha; e, para finalizar, no teatro, Benjamin Lima’.
Em outras palavras,
no mundo da literatura de expressão amazonense, o romance de ficção é o país de
Paulo Jacob.
Considerações Finais
Faltava uma fortuna
crítica a Paulo Jacob. Faltava inventariar as críticas referentes ao escritor
que, como magistrado e imortal da Academia Amazonense de Letras, atingiu os
mais altos picos no uso da língua vernácula, mas que soube ser sensível e
próximo ao modo de falar do típico homem rural da Amazônia. Do judeu amazônida
que encorpou a quota de sangue judeu presente no sangue amazonense ao recriar o
mundo linguístico e projetar os tipos e os costumes da região. Do sefardita que
soube amar a Torá, ao mesmo tempo em que soube atingir o zênite da tolerância
religiosa ao dedicar um de seus romances “à colônia sírio-libanesa” da
Amazônia.
Com 14 romances
publicados, de Muralha verde a Tempos infinitos, Paulo
Jacob assegurou sua posição no cânone regional. É certamente um dos romancistas
mais profícuos do Amazonas. No entanto, foi além, transpondo as barreiras do
regionalismo. Posto ser autêntica, a projeção da Amazônia feita por ele criou
uma porta de representação da sociedade e da cultura da região que o torna
leitura obrigatória para quem deseja conhecê-la por meio do romance de ficção.
Por fim, é válido
dizer que, em termos de fortuna crítica, Paulo Jacob e sua obra são alvos de
rasgados encômios. Quase inexistem críticas negativas a respeito deles. O
ufanismo, portanto, que — talvez — se apresente neste trabalho decorre desse
fato. O balanço advindo das críticas negativas e positivas é deveras importante
para a objetividade. E não poder ter contado com a contraparte negativa das
críticas sobre o autor pode ter, em parte, dificultado a construção de uma
imagem mais objetiva sobre ele, conforme pretendia este estudo.
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Notas
[i] A relação foi tomada da dissertação de
mestrado de Lucilene Gomes Lima, intitulada Estudo comparativo dos
romances A selva, Beiradão e O amante das amazonas (2006).
[ii] A classificação é buscada em Djalma Batista
(2007), baseada na distribuição humana. As outras duas amazônias são: a
Primeira, as cidades representativas da Amazônia, ou seja, Manaus e Belém; e a
Segunda Amazônia, que são as sedes dos municípios do interior dos Estados.
[iv] O trecho da carta de Jorge Amado enviada a
Paulo Jacob vai publicada na orelha do romance Tempos infinitos.
[vi] Esta é a grafia que o autor utiliza em suas
publicações, como em Assim contavam os velhos índios ianõnãmes. O
Dicionário eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa, por outro lado, registra
ianomâmi. E que ianam, ianomâmi, ianomam e sanumá são subgrupos desse grupo
indígena que habita o Nordeste do Amazonas, Noroeste de Roraima e a Venezuela.
p.s. artigo publicado originalmente em:
http://oguari.blogspot.com
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DOM HÉLDER CÂMARA
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