Depois do enterro
do marido, o negro Chicão, Maria, uma idosa descendente de índios, compartilha
com sua neta surda-muda um caderno de memórias escrito durante vários anos. A
relação de amizade entre avó e neta possibilita a Maria fazer suas confissões
para Maria Clara por meio dos escritos.
O conteúdo do
caderno são as memórias de Maria, desde sua infância vivida numa aldeia
indígena dizimada por correrias, passando por um cativeiro no barracão do
seringal, até a vida adulta numa colocação de seringa na companhia de Chicão; e
o mais importante para ela: o aprendizado solitário do alfabeto e das operações
básicas da matemática, que possibilitam ajudar no controle das economias de seu
marido e, ainda, desenvolver sua mania de escrever sobre sua vida. Maria narra
para a neta todo sofrimento que ela, a família e muitos outros trabalhadores
sofreram no interior dos seringais.