Cavalos nos sonhos,
sonâmbulos, adeptos.
Galopes continuados,
sons de aspectos
cinematográficos.
Glóbulos gigantes,
animalescos, de esguelha.
Uma procura silenciosa,
esconder-se, esquivar-se
sem teto, entregue.
Uma ruptura de som
de soluço, às três
da manhã, um corpo
macio e sem flor.
Jornada mortificada,
dentro do cérebro,
pisada macia e sons
de passos em folhas
secas. Cavalos
sonâmbulos, interstício
provisório de carbono
em matéria mínima,
decompondo-se
com o tempo.
Prolongando-se
com os sonhos.
ERROS
Durante a noite o poeta
comete pequenos erros de criação.
Por vezes peguei-me
jogando cartas e poemas amassados
quando deveria guardá-los arquivados.
Outras peguei-me
entre relatos e vozes usadas
quando deveria estar
entre corpos e olhos
de mulheres de verdade.
Na última, a mais grave, peguei-me
com corda e trave na mão
para morrer enforcado
quando deveria ter encontrado
o caos abismo do meu silêncio
e me precipitado.
ANTÍDOTO
Preocupado com o salto
no abismo
condicionei alguns preparativos
ao inesperado.
Nada de suicídios antes de dormir.
Nada de expectativas ao acordar.
Evite fragmentos de qualquer espécie.
Não encare olhos que pareçam excessivamente
trêmulos e profundos.
Se dizer palavras
as diga de esguelha.
Se enfrentar a multidão
pessoas podem ferir quando feridas
e o amor pode não existir
quando parecer mais vivo.
COSTA, Márcio. Cavalos sonâmbulos. São Paulo:
Fábrica de cânones, 2021. p. 18, 30 e 51
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Márcio Costa é poeta acreano, natural de Sena
Madureira, mas residente em Rio Branco-AC. Advogado e sociólogo, formado pela
Universidade Federal do Acre. Iniciou na poesia com o livro “Deserto provisório”
(Edufac, 2008).
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"nada de suicício antes de dormir"
ResponderExcluirpoemas muito profundezas do ser
muito depressão dos tempos
muito
bravo por publicá-los