quinta-feira, 3 de junho de 2010

TELEVISÃO ÀS AVESSAS

Robélia Fernandes de Souza
da Academia Acreana de Letras

Na televisão
Uma moça me convida
A comprar sabão
E outras pessoas
Dirigem carros
Bebem cerveja
E dançam e cantam
Abraçam-se, beijam-se
E fazem pouco
Da minha inércia
E solidão

Vampiro dissimulado
Suga de mim a emoção
Que alimenta os personagens
Toma meu cérebro
Filtra meus pensamentos
Amordaça
Neutraliza
Se faz a vida
Me faz a máquina
Diante dela
Me faço tela
Ela é quem vive
Eu sou imagem

***  *** ***

SOUZA, Robélia Fernandes de. Asa de vida. Rio de Janeiro: Oficina do Livro Ed., 1992

4 comentários:

  1. A TV está mais a serviço dos grupos econômicos que para a cultura e lazer. Acabamos nos tornando reféns dela por falta de opção, dessa forma somos massificados e alienados.
    Grande abraço

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  2. Fala grande ISAC!
    Como andam as coisa por aí brother.
    Aqui tá tudo do jeito que o .... gosta.

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  3. Isaac,

    Linda poesia. Que realidade!
    Já havia lido há algum tempo, mas achei excelente você nos oferecê-la.
    Foi publicada em 1992, contudo parece escrita há cinco minutos. Continua atualíssima.
    Tesouros da Professora Robélia!
    Nossos televisores são janelas de muitas paisagens. A maioria delas, trágicas.
    Além do que nos retrata magistralmente a Professora Robélia, sentimos uma cruel realidade: - nesta janela os panoramas predominantes são os da desgraça e o da corrupção da alma humana. Creio, entretanto, que estamos todos acometidos da "TVmania".
    Ó Deus! Miserere nobis!

    Um abraço.

    Anchieta.

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  4. Nossa, realmente atual. Infelizmente não é mais apenas a Tv que subtrai até a conexão entre as pessoas. Mas ela é "our concur"... Bjo.

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"Quando se sonha só, é apenas um sonho, mas quando se sonha com muitos, já é realidade. A utopia partilhada é a mola da história."
DOM HÉLDER CÂMARA


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