Profª. Inês Lacerda Araújo
Filosofia de todo dia
As publicações em filosofia cresceram bastante nos últimos 30 anos, aproximadamente. Mas creio que nada de original, relevante, interessante, produtivo ou que valha uma reflexão foi escrito. Nem livros, nem artigos e nem cursos transmitiram uma única ideia ou um conceito inovador, um método ou uma nova maneira de ver nas mais diversas áreas da filosofia. Talvez alguma contribuição exista na lógica, porém esse é cada vez mais um domínio da ciência formal e não da filosofia.
Escrevem-se livros pesados no sentido físico e pesados no sentido metafórico, tão pesados que o leitor se sente desestimulado...
Razões para tal?
Obrigações acadêmicas, luta para publicar, muitas vezes sob pressão, seguindo critérios burocráticos e arbitrários.
As publicações em filosofia cresceram bastante nos últimos 30 anos, aproximadamente. Mas creio que nada de original, relevante, interessante, produtivo ou que valha uma reflexão foi escrito. Nem livros, nem artigos e nem cursos transmitiram uma única ideia ou um conceito inovador, um método ou uma nova maneira de ver nas mais diversas áreas da filosofia. Talvez alguma contribuição exista na lógica, porém esse é cada vez mais um domínio da ciência formal e não da filosofia.
Escrevem-se livros pesados no sentido físico e pesados no sentido metafórico, tão pesados que o leitor se sente desestimulado...
Razões para tal?
Obrigações acadêmicas, luta para publicar, muitas vezes sob pressão, seguindo critérios burocráticos e arbitrários.
É bem verdade que nem todos os países e culturas produzem filosofia original. Filósofos relevantes estão em geral na Europa e nos Estados Unidos, com raras exceções. Os livros didáticos apontam Farias Brito, mas sua importância é quase nula. Não há curso algum, nem professores ou alunos que sabem de sua existência.
O mesmo não se pode dizer de outras áreas como direito, sociologia, história, literatura, nelas há brasileiros que se destacaram.
Houve época em que predominaram os estudos de filosofia cristã; desde a década de 60 e até os dias atuais, com cada vez menos intensidade, houve uma avassaladora invasão de marxismo dos mais variados matizes. Isso produziu mais doutrinação do que reflexão.
Atualmente há bastante liberdade de escolha, tanto de filósofos como de escolas de pensamento, o que é promissor.
Ainda assim, dificilmente há filósofos brasileiros de renome internacional ou cujas ideias tenham mudado algo na cabeça das pessoas. Repete-se, repete-se e nada se cria.
Aliás, doutores em filosofia se concentram em um único autor, em geral aquele escolhido para sua dissertação de mestrado, que depois é estudado no doutorado, até aí tudo bem. O problema é suas pesquisas afunilarem certo tema ou certo aspecto da obra de um filósofo ad nauseam, e eles se tornam super especialistas, ficam cegos para a contextualização do pensamento do autor de sua eleição, e pior, estão certos de que o "seu" filósofo basta, que aquela visão de mundo é a única verdadeira, que fora daquela doutrina falta o ar!
E o modo como os cursos universitários de pós-graduação são avaliados contribui para esses afunilamentos, para as análises cheias de pretensão, com citações a perder de vista, uma bibliografia que exige consulta no original. Quanto mais citação no original (em geral alemão) maior é o sinal de maturidade intelectual.
Interessante observar que nos EUA basta saber inglês...
E, contudo, não faltam os pretensos filósofos e filósofas que se apoiam na autoridade da fama adquirida na academia. Fulano ou fulana é um estudioso em tal ou tal filósofo, escreveu um catatau de 600 páginas, oram vejam só, que proeza. Pergunta crucial: alguém leu, alguém sorveu nessa fonte uma ideia interessante sequer? Algo original para pensar as coisas, nossa situação? Nada! Uma impressionante pobreza intelectual!
Mas esse professor (a) se torna um oráculo, é preciso consultá-lo (a) e tentar pelo menos que ele ou ela oriente o trabalho de alunos que, com isso, ganharão pontos em seu currículo.
Ora, a prática da filosofia requer liberdade de criação, o argumento de autoridade mata o pensamento.
É preciso cultivar outro tipo de relação com a filosofia e com a história da filosofia: estudo sério, capacidade de inovar, criar e, principalmente, de amar a sabedoria.
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* INÊS LACERDA ARAÚJO - filósofa, escritora e doutora em Estudos Linguísticos. É professora aposentada da UFPR e PUCPR.
Pois é Isaac, às vezes é preciso pôr o dedo na ferida, narcisistas não gostam
ResponderExcluirUm abraço
Inês
PS: não consegui responder comentários em meu próprio blog!
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ResponderExcluirQUERO QUE CONHECA O ESCRITOR PARAENSE VICENTE FRANZ CECIM E ENCANTA COM SONS E POUCAS PALAVRAS, PORE ENALTECEM A ALMA...
ResponderExcluirPrezada Célia,
ResponderExcluirvocê poderia me fornecer alguma bibliografia ou site em que posso encontrar textos de do vicente Franz.
Agradeço-lhe e obrigado pela visita e sugestão.
Forte abraço!
OLA,ISAAC
ResponderExcluirA OBRA QUE ENCANTA E O, O DO DESNUTRIR A PEDRA DE ANDARA O LIVRO INVISIVEL
O ESCRITOR SOCIALIZA NO BLOG,
SEJA FELIZ!