Profª. Luísa
Lessa
Uma pessoa que
nasce em meio à Floresta Amazônica, em lugar longínquo e de difícil
acesso, conhece as dificuldades da vida e sabe que as oportunidades são
raras. É assim para muita gente que nasce no interior do Acre,
precisamente nas cabeceiras do rio Humaitá (afluente do rio Muru, que é
afluente do rio Tarauacá). Eu nasci no rio Humaitá, Seringal São Luís.
Dali ao município de Tarauacá se leva oito dias de barco, subindo o rio
até sua cabeceira. Aprendi a andar e a falar convivendo com indígenas,
num lugar isolado do mundo, onde não havia rádio, luz elétrica,
geladeira, livros, escola.Um local distante do dito “mundo civilizado”.
Por
sorte e felicidade, ao completar seis anos, meus pais me levaram para o
Instituto Santa Terezinha, em Cruzeiro do Sul. Ali vivi os dez anos de
internato que mudaram a minha vida. Um colégio alemão, com excelente
ensino. Sai aos 16 anos para ingressar no Curso de Letras e de Direito
da UFAC. Foram anos maravilhosos. Ao término do Curso de Letras, logo
passei a integrar o quadro de professores da Universidade Federal do
Acre. Depois vieram o Mestrado, o Doutorado, o Pós-Doutorado. Foram
muitas Graças que recebi de Deus, assim como força e determinação para
passar dias e noites estudando, pesquisando, confrontando teorias e
compreendendo suas aplicabilidades.
No
ano de 1994, há exatamente 18 anos, à convite do Chiquinho Araújo,
então Diretor de Redação do Jornal “A Gazeta”, comecei a escrever uma
coluna semanal para o jornal. Creio ter sido uma das primeiras pessoas a
escrever um texto por semana no referido periódico. Fiz isso com muita
alegria, pois desejava devolver ao Acre um pouco do muito que me
ofereceu. Desejava popularizar o ensino da Língua Portuguesa, área de
minha formação. Pensava nos jovens pobres como eu, que não podiam
comprar livros. Assim, com os meus textos, eles poderiam colecionar
aspectos importantes da gramática portuguesa, fazendo recortes do
jornal. Afinal muitos estudantes não podem comprar livros, que são
produtos caros no Brasil.
De
fato, isso funcionou muito bem. Os pais, os avós, tios, tias, passaram a
recortar as DICAS DE GRAMÁTICA para passar aos sobrinhos, filhos,
netos, amigos, para que se preparassem melhor para o vestibular. Mas eu
não poderia fazer tão somente isso, seria cansativo para os leitores.
Então trazia, também, um texto motivador e, ao final, as lições de
gramática.
As
temáticas preferidas sempre estiveram no campo da Língua Portuguesa, a
arte de bem escrever. Todavia, às vezes, ficava repetitivo falar sempre
sobre o mesmo tema. O objetivo era despertar o interesse pela leitura e
também pela gramática. Como professora, sabia que o cotidiano exige
conhecimentos variados. Daí passei a falar sobre outros assuntos, os
mais diversos: Felicidade, Sonhos, Amizade, Respeito, Ética, Educação,
Religião, Fé, Verdade, Dignidade, Humanidade, Escola, Leitura, Ser bom
aluno, Ser professor, Ser pai, Ser mãe, Ser Mulher, Casamento, Filhos,
Família, Costumes, Vida, O mundo etc. Muitos temas, inúmeros textos.
Escrevi
para “O Página 20” uns bons anos. Depois passei a escrever também para o
Jornal “Agência Amazônia de Notícias, com sede em Brasília, onde tenho
muitos leitores. Depois, em abril de 2011, veio o “Gosto de Ler”, com
sede nos Estados Unidos. Ali tenho 190.000 leitores. Nesse meio tempo
criei o Blog “Linguagem e Cultura”, onde tenho 130.000 leitores. E em
todos esses veículos há um interação escritor/leitor. A recepção sempre
foi boa e isso me conduzia a ser mais exigente com o que escrevia. E
muitos assuntos brotaram, milhares de leituras para fundamentar os
textos, sempre no sentido de bem informar, trazer pensamentos e opiniões
coerentes com as leituras e a vida pragmática.
Decorridos
esses dezoito anos de trabalho intenso em produzir textos, os mais
variados, no 06 de novembro de 2012 recebo uma carta – via e-mail –
Pedido nº245/2012 da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo,
assinada por Beatriz Scavazza, Coordenadora de Gestão de Tecnologias
Aplicadas à Educação de São Paulo, onde solicita os diretos autorais de
meus textos para integrarem as reformulações dos materiais didáticos do
Projeto “São Paulo faz escola”. Diz a carta: “ Os estudos e análises
desenvolvidos por professores e agentes educacionais do Estado
resultaram na proposta de revisão dos materiais denominados Caderno do
Professor e Caderno de Atividades do aluno, que serão reeditados em 2013
e ganharão uma nova edição. (...) Solicitamos a licença de uso dos seus
textos por um período de cindo anos , 2013-2017, para fazer parte do
conteúdo dos Cadernos que serão distribuídos na rede pública do Estado
de São Paulo”.
Repasso
esse notícia em respeito e em agradecimento aos jornais: “A Gazeta”,
“Página 20”, “Agência Amazônia de Notícias”, “Gosto de Ler”. Esses
veículos acreditaram no meu trabalho, deram credibilidade aos meus
textos, publicando-os. Aos meu leitores, que sempre me prestigiaram
escrevendo e-mails ou dialogando comigo por onde passo.
Agradecimento
especial ao Estado de São Paulo, pela honraria em utilizar meus
escritos para compor Caderno do Professor e Caderno do Aluno entre
2013-2017. Esse reconhecimento é o prêmio para uma educadora anônima,
nascida no interior do Acre, que faz do magistério um sacerdócio. Que
Deus seja louvado! Obrigada, Senhor, por essa grandiosa benção a uma
filha da Floresta Amazônica, que agora ingressa na terra dos
“bandeirantes”.
Luísa Galvão Lessa – É Pós-Doutora
em Lexicologia e Lexicografia pela Université de Montreal, Canadá;
Doutora em Língua Portuguesa pela Universidade Federal do Rio de Janeiro
– UFRJ; Membro da Academia Acreana de Letra; Membro da Academia
Brasileira de Filologia; Professora Visitante Nacional Sênior –
CAPES/UFAC.
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"Quando se sonha só, é apenas um sonho, mas quando se sonha com muitos, já é realidade. A utopia partilhada é a mola da história."
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