sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

POEMA A UM AMIGO

Isaac Melo

A
JOÃO PAULO SOUZA LIMA
in memoriam


Meu amigo,
o que é a vida,
se tudo o que parece infinito
se desfaz num piscar de olhos,
qual castelo de areia
desfeito pela onda do mar;
E o que era presença
se torna apenas lembrete
numa inscrição tumular;
E lembrança, amarga e cara,
no peito da gente?!
A fé é alento, de todos, o mais ineficiente
Mas, por vezes, é o único que nos resta.
Estaremos sós,
como indagou o poeta,
com o dia que nos coube?
De nada sei sobre Deus
ou das coisas superiores.
Se houver um paraíso,
este deve ser o reencontrar-se
com todos aqueles que integraram
a frágil teia de nossa vida.
Pois, do contrário,
não haverá inferno maior
do que o estar privado,
por sempre,
daqueles que um dia
partilhamos,
por breve que seja,
uma palavra
um sorriso
um olhar...



O João Paulo era um amigo que fiz aqui na PUCPR. Ele era de Sena Madureira. Inteligentíssimo, venceu, todas as vezes que participou, o concurso de artigo científico que a PUC promovia, quando não, fazia o artigo e dava para os amigos concorrerem. Funcionário da PUC, também havia acabado de ser aprovado no mestrado de Filosofia da mesma universidade. De férias, ia de Curitiba para o Rio, donde se encontraria com a namorada, e juntos seguiriam para o Acre, onde ele anunciaria o seu noivado para a família, em Sena Madureira. Aos 23 anos... voou o meu amigo... deixando apenas as asas da saudade...

3 comentários:

"Quando se sonha só, é apenas um sonho, mas quando se sonha com muitos, já é realidade. A utopia partilhada é a mola da história."
DOM HÉLDER CÂMARA


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