Horácio (65-8 a.C.)
Indagar, não indagues, Leuconói
qual seja o meu destino, qual o teu;
nem consultes os astros, como sói
o
astrólogo caldeu:
não cabe ao homem desvendar arcanos!
Como é melhor sofrer quanto aconteça!
Ou te conceda Jove muitos anos,
ou, agora, os teus últimos enganos,
– prudente, o vinho côa e, mui depressa
a essa longa esperança circunscreve
a
tua vida breve.
Só o presente é verdade, os mais, promessa...
O tempo, enquanto discutimos, foge:
Colhe o teu dia, –
não no percas! – hoje.
Tu ne quaesieris
(scire nefas) quem mihi, quem tibi
finem di dederint,
Leuconoe, nec Babylonios
temptaris numeros. Vt melius quicquid erit pati !
Seu pluris hiemes seu
tribuit Iuppiter ultimam,
quae nunc oppositis
debilitak pumicibus mares
Tyrrhenum, sapias,
uina liques et spatio breui
spem longam reseces. Dum
loquimur, fugerit inuida
aeta : carpe diem,
quam minimum credula postero.
HORÁCIO. Odes e epodos. Tradução de Bento Prado de Almeida Ferraz. São
Paulo: Martins Fontes, 2003. p.38-39
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