sexta-feira, 27 de junho de 2014

AO POETA ACREANO J. G. DE ARAÚJO JORGE

Océlio de Medeiros (1917-2008)


Lembrei-me do teu pai ao vir à sua cidade
que para mim se abriu como um baú antigo:
li poeirentos jornais da sua mocidade
e me contou sua saga o mais dileto amigo...

Viveu sob os padrões da velha austeridade,
foi senhor da justiça e após foi seu mendigo:
a infância no teu berço não te dá saudade
e as angústias paternas ainda as tem contigo...

Foi aqui que nasceu teu coração de esteta
naquele acre começo ao sol do Acre inclemente
que exilando o teu pai a ti te fez poeta!

Se das mágoas paternas flora a tua semente,
nas líricas corolas do teu amor de asceta
retribuis com poesia a ingratidão da gente!...

Tarauacá, 1972


MEDEIROS, Océlio de. Jamaxi: a poesia do Acre em três tempos. Rio de Janeiro: Arquimedes Edições, 1979. p.127

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