Luísa Lessa
Falam especialistas que o Brasil avançou nos
últimos 20 anos, mas a educação freou o desenvolvimento desse período, segundo
o IDHM 2013 (Índice de Desenvolvimento Humano Municipal), divulgado na
segunda-feira, 29/07/2014.
No Brasil, entra Governo e sai Governo e a
conversa é sempre a mesma: “vamos investir em educação”. Em ano eleitoral,
dizem os políticos: “o país avançou muito”. Talvez tenha avançado para o
abismo, pois segundo índice divulgado pela Pearson Internacional, que faz parte
do The Learning Curve (Curva do Aprendizado, em inglês) e mede os resultados de
três testes internacionais aplicados em alunos do 5º e do 9º ano do ensino
fundamental, o Brasil ficou em penúltimo lugar. Dão lições ao mundo a Finlândia
e a Coreia do Sul, os dois primeiros lugares. O Brasil só ganhou da Indonésia. É
um resultado vergonhoso.
Os dados não são invenção e não possuem
coloração partidária. É a constatação de uma educadora que muito trabalha em
prol de mudanças positivas. Uma educadora que contribuiu para composição dos
livros didáticos do Estado de São Paulo. O Acre não quer ajuda nessa área, há,
aqui, “medalhões nos salários”, mas que nada escrevem, falam bajulações. Isso
não ajuda, prejudica o Estado, o sistema educacional como um todo.
Então, votando aos dados, eles saíram do
Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa, na sigla em inglês),
do documento Tendências em Estudo Internacional de Matemática e Ciência (TIMSS)
e do Progresso no Estudo Internacional de Alfabetização (PIRLS) que compreendem
o aprendizado de matemática, leitura e ciência dos alunos.
Veja-se o Ranking Global de Habilidades
Cognitivas e Realizações Educacionais:
1.Finlândia
2. Coreia do Sul
3. Hong Kong
4. Japão
5. Cingapura
6. Grã-Bretanha
7. Holanda
8.Nova Zelândia
9. Suíça
10. Canadá
11. Irlanda
12.Dinamarca
13. Austrália
14. Polônia
15. Alemanha
16. Bélgica
17. Estados Unidos
18. Hungria
19.Eslováquia
20. Rússia
21. Suécia
22.
República Tcheca
23. Áustria
24. Itália
25. França
26. Noruega
27. Portugal
28. Espanha
29. Israel
30. Bulgária
31. Grécia
32.Romênia
33. Chile
34.Turquia
35.Argentina
36.Colômbia
37. Tailândia
38. México
39.BRASIL
40.Indonésia
Fonte:Pearson/EIU
O desempenho de cada país mostra se ele está
acima ou abaixo da média calculada a partir dos dados de todos os
participantes. Segundo esses dados divulgados no último dia 27 de julho de
2014, 27 dos 40 países ficaram acima da média, enquanto 13 estão abaixo do
valor mediano. O Brasil, que teve pontuação de -1.65, foi incluído no grupo 5,
onde estão as sete nações com a maior variação negativa em relação à média
global. É um dado assustador, fruto do descaso e do pouco compromisso com a
educação brasileira.
A ONU, em 14/07/2014, por meio do Pnud
(Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), diz que o Brasil deve
investir em "políticas educacionais ambiciosas", para mudar a sua
demografia.Todos os dados apontam que o Brasil vai mal, muito mal nas políticas
educacionais.
E como é um sistema educacional eficaz? É
aquele em que os alunos aprendem, passam de ano e concluem a educação básica.
Esta é uma afirmação de que poucos vão discordar. Entretanto, a maioria dos
sistemas educacionais no Brasil não cumpre essa missão. Há descaso, desvio de
recursos, investimentos pífios, salários aviltantes pagos aos professores,
escolas sem segurança, mal aparelhadas, sem infraestrutura, que pouco ou nada
atraem os jovens, que preferem as ruas, as drogas, a violência, os furtos.
Quando não, ficam em casa e quando saem para a escola procuram ir para lugares
mais agradáveis.
O governo brasileiro, por meio do INEP,
definiu metas para os sistemas educacionais e as escolas aperfeiçoarem a
qualidade da educação oferecida, criando um índice de qualidade, chamado IDEB,
para cada um dos três segmentos da educação básica. Mas de tudo que se diz,
fica a pergunta: essas metas no INEP são suficientes para o país sair do atraso
educacional?
Há medidas urgentes: escolas em tempo
integral; professores motivados; escolas aparelhadas para que as pessoas nelas
desejem permanecer com alegria, satisfação. Então, qualquer política de
melhoria da qualidade dos sistemas escolares devem contemplar os três aspectos
simultaneamente: o professor deve ensinar; o aluno deve aprender e passar de
ano.
Finaliza-se com a frase memorável de Eduardo
Campos: “ O Brasil tem jeito”. Devemos exigir prioridade à Educação, sem ela
NUNCA avançamos, exceto para cair no abismo.
*Luísa Lessa é da Academia Brasileira de
Filologia e da Academia Acreana de Letras.
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