segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

RUMO

Thiago de Mello


Somente sou quando em verso.

Minhas faces mais diversas
são labirintos antigos
que me confundem e perdem

Meu pensamento perfura
muros de nada, à procura
do que não fui nem serei.

Ante a carne fêmea e branca
meu corpo se recompõe
ofertando o que não sou.

Meu caminhar e meus gestos
mal e apenas anunciam
minha ainda permanência.

Para chegar até onde
não me presumo, mas sou,
sigo em forma de palavra. 


MELLO, Thiago de. Vento geral (1951-1981). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1984. p.51-52

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