Raimundo Nonato
O poeta labora
Ao romper da aurora
Como o padeiro, na padaria
O poeta elabora sua poesia.
O padeiro amassa a massa
Com as mãos
O poeta tece o poema
No coração
O padeiro se esforça se agita
O poeta se acalma, medita.
Ao romper da aurora
O padeiro sua
O poeta chora
O padeiro amassa a massa
Com vigor
O poeta disfarça
Sua dor.
Enquanto todos sonham
Em seus aposentos
O padeiro e o poeta
Preparam o alimento:
Do corpo físico, o pão
E o poema, do coração.
Enquanto todos sonham
Na madrugada fria
O padeiro aquece o pão
O poeta, a poesia.
E, ao romper da aurora
Ao nascer de um novo dia
O poeta e o padeiro
Celebram na padaria
Há alimento para todos:
Há pão e há poesia.
NONATO, Raimundo. Sonhar... Voar... Viajar. Rio
Branco: Fundação Elias Mansour, 2013. p.116
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