Océlio de Medeiros (1917-2008)
boi-bumbá do Piauí,
rede e renda do Ceará,
ou “polacas” da zona.
Mas no Acre tudo agora é diferente,
há mais mulher do que homem
não se corta borracha
e só se pensa em gado.
Os seringais agora são fazendas,
“paulistas” são gaúchos,
goianos, cuiabanos,
zebuzeiros, pés-duros...
E como sinto falta do velho Acre,
daqueles coronéis,
daqueles seringueiros
e também de acreanos,
mandei vir de Belém minha caboca
para matar saudades,
tentar salvar a raça e refazer meu povo.
Que venha de Belém, de Santarém,
do Marajó, das Ilhas,
e até de Cametá,
mas que seja “caboca”.
“Caboca” que não tenha pitiú,
“caboca” cuia-pitinga,
cheirando a vindica
ou mucura-ca-á
tome banho de cheiro
com “macaca poranga”,
que creia em uirapuru
e tema “ulho de buto”...
MEDEIROS, Océlio de. Jamaxi: A Poesia do
Acre. Rio de Janeiro: Arquimedes Edições, 1979. p.277
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