sábado, 25 de fevereiro de 2017

EZRA POUND: dois poemas

ALBA
Ezra Pound (1885-1972)

Enquanto o rouxinol à sua amante
Gorgeia a noite inteira e o dia entrante
Com meu amor observo arfante
Cada flor,
Cada odor,
Até que o vigilante lá da torre
Grite:
            “Levante, patife, sus!
                Vê, já reluz
                     A luz
                     Depressa, corre,
                     Que a noite morre...” p.102


SOIRÉE
Ezra Pound (1885-1972)

Ao ser informado de que a mãe escrevia versos,
E de que o pai escrevia versos,
E de que o filho mais novo trabalhava numa editora,
E que o amigo da filha segunda estava escrevendo um romance,
O jovem peregrino americano
Exclamou:
            “Eta penca de gente sabida!” p.103


POUND, Ezra. Poesia. Introdução, organização e notas de Augusto de Campos; traduções de Augusto de Campos... [et al.]; textos críticos de Haroldo de Campos. São Paulo: HUCITEC; Brasília: Ed. Universidade de Brasília, 1993.

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DOM HÉLDER CÂMARA


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