Um choro aberto
sobre o universo desaba
A badalar... Um
choro aberto sobre a Terra
Em bandos de ais...
Guaiar profético se expande...
Anda fraco no mundo
o agouro da miséria...
Job abúlico baba o
fel que o devora... Hirta
A multidão que
despareceu Abel...
Um choro... E a
vida excessivamente infinita!...
Clamor! Ninguém se
entende! Um Deus não vem!... Babel!...
Babel! Um choro
aberto sobre a confusão
Das raças! Babel!
Os sinos em arremessos
Bélicos! Badalar
dos sinos! Multidão
Hirta! Jerusalém
incendiada... Rebate
Babel! Jerusalém!
Jorobabel! Babel!
Batem os bronzes
bimbalhando! Pobre Job
Sem ouro, multidão
devora e baba o fel!...
Um choro aberto de
entes misérrimos...
ANDRADE, Mário de. Poesias Completas. Edição crítica de Diléa Zanotto
Manfio. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: EDUSP, 1987. p.143
Nenhum comentário:
Postar um comentário
"Quando se sonha só, é apenas um sonho, mas quando se sonha com muitos, já é realidade. A utopia partilhada é a mola da história."
DOM HÉLDER CÂMARA
Outros contatos poderão ser feitos por:
almaacreana@gmail.com