domingo, 23 de julho de 2017

COISAS EFÊMERAS

Paulino de Brito (1858-1919) 


Canta, canta, canta, canta,
inocente passarinho!
Te irrompe a voz da garganta?
Palpita o amor em teu ninho!

Rescendei, brilhai formosas,
gozai, ó flores gentis!
Entregai-vos, lindas rosas,
Aos beijos dos colibris.

Mas... depressa! Porque tudo
cumpre as mesmas duras leis:
tu – bem cedo estarás mudo!
vós – morta breve estareis!

Ah! todo canto se cala,
todo perfume se exala,
e... (oh! dor!)
entre o que mais veloz corre,
entre o que mais cedo morre,
está o amor!...


BRITO, Paulino de. Cantos amazônicos. Manaus: Valer, 1998. p.72

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