No meu pensamento de antigamente,
Quando eu era
menino,
O mundo, eu pensava
Que era que nem
tocaia,
A terra remendava
com o céu.
O sol,
Eu pensava que eram
muitos,
Passando dias e
dias.
A noite,
Eu pensava que era
que nem fumaça,
Porque quando o sol
ia embora,
A noite vinha
cobrir o mundo.
O céu,
Eu pensava que era
que nem ferro,
Nunca acaba.
A chuva,
Eu pensava que era
alguma pessoa,
Que morava no céu e
derramava água.
A água,
Eu pensava que eram
alguns bichos grandes,
Esturrando em cima
do céu.
O homem,
Eu pensava que só
nós mesmos vivíamos,
Só nós mesmos, o
povo Kaxinawá.
A língua,
Eu pensava que todo
mundo falava
Na nossa língua
mesmo, o Kaxinawá.
Um dia, eu vi um
branco chegando na nossa casa falando diferente.
Mas eu pensava que
quando eu fosse na casa dele, ele ia falar em Kaxinawá.
Um dia, eu fui
viajar com meu pai, para ver onde estava a terra remendada com o céu.
Nós íamos descendo
o rio e quando passaram alguns dias perguntei ao meu pai onde estava a terra
remendada com o céu.
Meu pai me disse
que não estava remendada a terra com o céu.
Que o mundo é muito
grande e não tem fim...
* Poesia retirada
do blog Comunicação e Artes, de Charles Bicalho.
** Foto: Mara Vanessa (in Crônicas Indigenistas, de Jairo Lima).
** Foto: Mara Vanessa (in Crônicas Indigenistas, de Jairo Lima).
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"Quando se sonha só, é apenas um sonho, mas quando se sonha com muitos, já é realidade. A utopia partilhada é a mola da história."
DOM HÉLDER CÂMARA
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