domingo, 12 de novembro de 2017

CANÇÕES/POEMAS DE HÉLIO MELO

CARIU CARIU
Hélio Melo

Seringueiro está perdendo seu valor
Cariu cariu
Tempo bom por pouco tempo
Era bom já se acabou

Nos querer só a terra morar
A seringa é que dá vida
E a tendência é terminar

Nossa luta pela terra
Foi de guerra
Tanto sangue derramado
Em vão
Confiamos na existência
De Tupã
Recobramos nossa vida
Em nossos dias de amanhã


MAPINGUARI
Hélio Melo

Olha ele aí
Olha ele aí
Bicho feio da floresta
Que jamais pode existir
Olha ele aí
Olha ele aí
Bicho feio da floresta
Que jamais pode existir

Canacuri índio guerreiro
Da raça jamamadi
Alertava os seringueiros
Aos perigos a existir
Não adianta
O homem forte
Corre perigo de morte
Enfrentar mapinguari

Mapinguari é uma fera
Que corre grande perigo
Índio para o matar
A flecha tem que acertar
Ou no olho ou no umbigo

Canacuri canacuri
Vamos unir nossas forças
Pra matar mapinguari
Vamos unir nossas forças
Pra matar mapinguari


PRANTO DOS ANIMAIS
Hélio Melo

Os animais também choram
Sem esperança de alegria
No lugar das derrubadas
Eram suas moradias

Os animais também veem
A falta de ecologia
Sentem falta de alimento
Que ataca a cada dia
São as causas principais
Que os animais
Não terem mais alegria

Na mata só se vê o
Fogo na floresta sumindo
Muitos prédios se construindo
Do outro lado nem se fala
Só se ouve zum zum da bala
Aos animais perseguindo


FIM DA CAMINHADA
Hélio Melo

Numa toalha
Banhada de sangue
O homem da floresta
Adormeceu
Adormeceu quando uma forte
Tragédia
Fez os seu corpo ficar
Pálido e frio
Que não teve tempo de dar
O último adeus aos
Companheiros

Se seus restos mortais falassem
Diria para seus amigos
Terminei minha jornada
Mas valeu a pena
Meu trabalho mesmo
Sofrendo perseguições

Espero que minha ausência
Não se transforme em
Desespero e sem
Entusiasmo para que
Sejam colhidos os frutos
Da semente que plantei


NO QUINTAL DE MINHA CASA
Hélio Melo

No quintal de minha casa não pensei
Pois haviam preparado
Tudo para mim
Mas não pensei
Não pensei
Numa hora tão minguada
Uma emboscada
Foi a casa do meu fim

O mundo inteiro abalou
Na rádio na televisão
Seu nome ficará na história
De fracasso e glórias
De um tempo que marcou
Mas não pensei
Não pensei
Numa hora tão minguada
Uma emboscada foi
A causa do meu fim


MELO, Hélio. Via Sacra na Amazônia. Rio Branco: Fundação Elias Mansour, 2003. p.41-45

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