terça-feira, 15 de março de 2022

THOMÉ MANTEIGA: BIOGRAFIA DE RAYMUNDO THOMÉ DA ROCHA


Nasceu em 04 de agosto de 1890, cearense de Uruburetama, Estado do Ceará. Faleceu em 12 de julho de 1977, no Acre, vitimado por uma trombose, na residência de sua filha Leyde Braga Thomé da Rocha Fontenele, onde fixava residência. Viveu no Acre sessenta e um anos.

Em 1903 – Estudava em Fortaleza, tendo saído de casa em 14 de outubro.

Em 1906 – Residia, no Rio de Janeiro, com o tio Cel. Cândido Thomé. Foi convidado para estudar no Colégio Militar. Não aceitou. Achava que era humilhante um homem prestar continência a outro.

Em 09 de abril de 1907 – Saiu de Fortaleza rumo ao Amazonas. Na noite do dia 20, chegou em Belém.

Em 17 de maio de 1907, conheceu pela 1ª vez o município de Cruzeiro do Sul.

Em 1910 – Esteve no Seringal Belo Monte, viajando em canoa, sofreu um naufrágio, não sabendo nadar, salvou-se milagrosamente.

Em 1911 – Em Tarauacá, foi nomeado Comissário de Polícia do 2º Posto Fiscal do Marco do Remanso, no Alto Juruá.

Em 1919 – Exerceu o cargo de Escrivão de Polícia da Delegacia Auxiliar de Rio Branco. Anos depois, foi zelador dos Próprios do Território.

Em 1920 – Aos 29 anos de idade, casou-se com Lupercínia Braga Thomé Rocha (aos 17 anos). Desse matrimônio que perdurou por 58 anos, nasceram 25 filhos dos quais 10 estão vivos (Leide, Neide, Ruymar, Ruyter, Leydalva, Antônio, Luzdalva, Ruydalberto, Ruykleber e Ruyvaldo).

Em 05 de janeiro de 1924 – Foi nomeado Fiscal de Consumo da 14ª Circunscrição de Rio Branco.

Em 1935 – Trabalhou na Diretoria de Obras, na Agricultura e Trabalho. Tornou-se um grande Getulista. Na época política, subia aos palanques para discursar em favor dos pobres. Como símbolo do Getúlio, usava uma gravatinha branca, laço borboleta. Foi um período de muita dificuldade e dizia, enquanto existir Cruzeiro em nossa moeda, o Brasil, economicamente, não vai pra frente. Passou 13 anos desempregado, por esse motivo, dedicou-se à criação de gado. Foi, no Governo de Epaminondas Martins, preso político, durante 24 horas. Na véspera da prisão uma das filhas (Neyde) sonhou com a casa cercada de soldados.

Como espírita, tomou como aviso. Imediatamente enterrou a documentação política sob o assoalho de uma antiga residência em ruína. Assim que terminou a operação, os policiais chegaram, vasculharam tudo, nada encontraram. Recebeu ordem de prisão. Aceitou, dizendo que iria numa maca, pois estava com febre. Após o ato, ele mesmo criticava – “Fui nos braços deles, com os meus pés, não”. Viveu no Acre sessenta e um anos.

Em 24 de agosto de 1948, no Governo do Cel. Silvestre Coelho, foi admitido como Bibliotecário Auxiliar, referência XXI, mediante o salário de CR$. 1.950,00, no qual foi aposentado. Nos últimos anos de vida, adquiriu o hábito de visitar, diariamente, os amigos: D. Alegria, Raymundo Melo, Raymundo Braga, Crisar Leitão, Aldenor e muitos outros, exigindo, ao chegar, uma cadeira, em seguida, um cafezinho com leite. A alimentação de sua preferência era coalhada (pela manhã, na sobremesa, na merenda e no jantar).

Ostentava um tradicional chapéu, um guarda chuva ao braço e paletó com os bolsos volumosos de poesias escritas em qualquer pedaço de papel, até mesmo de embrulho. Apelidaram-no por “Manteiga”, resultado de uma brincadeira ao arremessar uma lata desse produto, quando solteiro, entre colegas de quarto. Foi muito exigente com os primeiros filhos. As filhas, aos 19 anos, não andavam pintadas nem dançavam com cavalheiros, só com damas.

PARTE LITERÁRIA – Para não perder as inspirações noturnas, às vezes, levantava-se alta noite para escrever. Deixou 322 poesias com variados títulos: a noiva, Ela, sempre, ela, telegrama visual, tribunal do amor, fivela humana, sole ciúme, elo perdido, santo do pecado, reboliço do amor, o lençol, virtude entre lágrimas, saliva do amor, ninho de noivado, sobra de amor, etc.

POETA DE SUA PREDILEÇÃO: Olavo Bilac, Gonçalves Dias, Alberto de Oliveira (Thomé dizia: “Poeta do meu estilo”), Raymundo Correia, Camões e escritores como Ruy Barbosa. Gostava de repetir a expressão do escritor: “Não há justiça, onde não haja Deus”. Em homenagem a “Ruy”, os filhos receberam no prenome, o prefixo Ruy.

ESTILO DE THOMÉ: sílabas soltas

                                   Em simples revoar

                                   Da alma ritmada.

 

SANTOS, José Alves dos. BOSQUE - Thomé Manteiga (1890-1977). Rio Branco: s/d. p. 6-11

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