sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

100 CHARGES HISTÓRICAS DO ACRE

O blog Alma Acreana traz, mais uma vez, um material iconográfico imprescindível para a compreensão da história acreana. Trata-se da publicação de mais de 100 charges referentes ao Acre, que compreende o período entre os anos de 1902 a 1927. As charges foram retiradas da revista O Malho, editada no Rio de Janeiro, e de circulação nacional, entre os anos de 1902 a 1954. Nas charges, fica patente como o Brasil e os brasileiros reagiam à questão acreana. Ora críticas, ora humorísticas, ora debochadas, as charges trazem personagens como o Barão do Rio Branco, Afonso Pena, Rodrigues Alves, Rui Barbosa, Plácido de Castro. Abordam questões referentes ao conflito entre o Acre e a Bolívia, o envio de presos para o Acre, o isolamento da região, a busca de autonomia, denúncias referentes aos desmandos e autoritarismos, fome, etc. Enfim, um material riquíssimo, agora tornado disponível na internet, para todos aqueles que se interessam, de modo acadêmico ou independente, pela história acreana, com a certeza de que muito acrescentará aos atuais estudos de nosso Estado. Transcrevemos ipsis litteris os títulos das charges, e suas respectivas legendas. Isaac Melo


Barão do Rio Branco
O futuro vencedor do Acre: – Obrigado, meu povo!
O Malho, RJ, 6 de dezembro de 1902, Ano I, N.º12


Palpite de primeiríssima
– Amarrei hoje o porco, seu colega, num parpite féra e si o bruto logo estoirá vou fazê um estrago no paraty...
– Que porco, nem qui paraty, seu Pereréca. Parpite onça cum essas complicação do Acre é viado: o camarada que num mettê já o pé no matto, e num tivé pé ligeiro, tá ahi, ta na imbira do recrutamento...
O Malho, RJ, 31 de janeiro de 1903, Ano II, N.º20


CABRA SARADO
– Você está alistado?
– Para ir ao Acre? Nunca! Prefiro alistar-me no corpo eleitoral d’aqui.
– E eu voto comtigo.
– Vôte!
O Malho, RJ, 31 de janeiro de 1903, Ano II, N.º20


O QUE ACONTECERÁ NA QUESTÃO DO ACRE
Bol. – No hagas caso, hombre, que eso fué uma broma.
Brasil – Sim, mas não faças d’essas taes bromas porque podiam te sahir muito caras.
Tio Sam – Eu não contava com isto.
O Malho, RJ, 7 de fevereiro de 1903, Ano II, N.º22


A SOLUÇÃO PACÍFICA
– Vamos lá... Pelo meio que assim ninguem vai no dito!
O Malho, RJ, 14 de fevereiro de 1903, Ano II, N.º22


COMO SE ESCREVE A HISTORIA
(A proposito do apoio moral do governo do Amazonas aos voluntários do Acre)
– Bravo! Gostei da sova que você deu, seu cuéra! Somos valentes, hein?
– Valentes?! Ué! Você nem se mexeu!...
– Mas dei o meu apoio moral.
O Malho, RJ, 14 de fevereiro de 1903, Ano II, N.º22


O RUY E O RIO
Ruy: – Acceito essa espiga de entrar na pendenga do Acre; mas olhe lá: si encontrar alguma batata, faço relatorio maior do que o do Codigo Civil.
O Malho, RJ, 18 de julho de 1903, Ano II, N.º44


A BOTA DO ACRE
– Creio, seu Ruy, que descalçada a bota, está o mal sanado, por via dos calos.
– Lá isso, não; com troca de territórios não embarco.
O Malho, RJ, 3 de outubro de 1903, Ano II, N.º55.

Há oito mezes, o nosso ilustre patrício Sr. Barão do Rio Branco, que à sua alta qualidade de glória nacional allia a condição de ministro do exterior, não come, não bebe, não dorme e está ficando tão magro que até parece o Sr. Oliveira Lima, só por causa dessa maldita questão do Acre! Realmente, a maldade humana não tem limites. O homem estava muito tranquilamente na sua legação e com sua glória; e vai o Sr. Rodrigues Alves, que é bicho de concha, arranca-o de lá e chama-o aqui para o páo, assim como quem lhe está offerecendo um prato de doce de côco. E é isso que se vê! Oito mezes de somno perdido e no fim, quando se annuncia que cousa está resolvida, a resolução é a maravilha que se vê.
– Em troca do Acre, que só serve para matar gente de impaludismo, o Sr. Rio Branco vai dar à Bolívia:
– Dinheirama em penca: mais de vinte mil contos!
– Uma estrada de ferro que nos custará para ahi outros tantos 20.000 contos!
– Território à margem do Madeira no Amazonas!
– Um porto no Amazonas!
– Território à margem do rio Paraguay no Estado do Mato Grosso!
– Um porto no Paraguay!
Caracoles! Si a diplomacia é isso, estou aqui, estou com o jacobinismo do Sr. Barbosa Lima! Diabos a levem!
O Malho, RJ, 3 de outubro de 1903, Ano II, N.º55.


AINDA O ACRE
- Você, Cabo Frio, si apanhasse essa trapalhado do Acre quando moço...
- Envelhecia mais depressa...
O Malho, RJ, 17 de outubro de 1903, Ano II, N.º57


Ainda e sempre o Acre
- Vá, seu Ruy, descalce a bota; mas, bem pensando, você devia calçar primeiro o pé direito...
O Malho, RJ, 17 de outubro de 1903, Ano II, N.º57


O NEGOCIO DO ACRE
RUY: – Não quero, senhores, crear-lhes embaraços: exonero-me. Mas, em verdade vos digo, maldito seja aquelle que cede ao estrangeiro um palmo do territorio nacional!
O Malho, RJ, 24 de outubro de 1903, Ano II, N.º58


ETERNO ACRE
Rio Branco: – Olhem que me custou muito fazer esse arranjo do Acre, vejam lá agora si vão estragar-me o capitulo...
O Malho, RJ, 31 de outubro de 1903, Ano II, N.º59


1O ACRE
– Vá, seu Rio Branco, despache a cousa, que a expectativa é duvidosa.
– Duvidosa é a sua atitude. Pensa que Roma se fez num dia?
O Malho, RJ, 21 de novembro de 1903, Ano II, N.º62


O PENEDO
– E está firme, sem se mexer...
– Inalteravel.
– Nem o Acre o move?
O Malho, RJ, 28 de novembro de 1903, Ano II, N.º63


OS TRÊS REIS NEGROS DE AGORA
(Reisado “ad instar” dos Mellos Amoras)

Aqui estamos nós três. Ultra-estafados
Vimos chegando de longínquas terras;
Corremos campos e galgamos serras
P’ra vir fazer aqui nossos reisados.

Tu, ó Cattete, paço dos morgados,
Que o menino Jesú no seio encerras,
Vê si tuas portas para nós descerras
Pois trazemos-te uns brindes escovados:

– Rio Branco traz um doce: é muito acre...
– O Coelho, um banco... é manco, mas álacre;
– Eu, Lima (capital), trago um Perú!

É quanto nestes tempos, tristes, agros,
Podemos vos trazer, ó Grão Jesú,
Nós três que somos reis, e somos magros.

Dario
( Da Náo Catharininha)
O Malho, RJ, 9 de janeiro de 1904, Ano III, N.º69


O ACRE NA CÂMARA
A entrada do Bendegó
O Malho, RJ, 9 de janeiro de 1904, Ano III, N.º69


PARA O ACRE
– O embaraço da escolha.
O Malho, RJ, 12 de março de 1904, Ano III, N.º78


DESESPERO
– Por quem é! Attenda a um pobre coração magoado... O seu desprezo obriga-me a um acto de desespero! Não queira que eu me atire ao Acre ou ao Ceará...
O Malho, RJ, 9 de abril de 1904, Ano III, N.º82


Apre! Quantos pedidos para o Acre!
O Malho, RJ, 16 de abril de 1904, Ano III, N.º83


TRISTEZAS
– Afinal de contas, quem é que vai para o Acre?
Se mandassem para lá certos gajos que conheço...
O Malho, RJ, 16 de abril de 1904, Ano III, N.º83


A CHEGADA DO PLÁCIDO
Foi recebido com applauso unanimo...
O Malho, RJ, 23 de abril de 1904, Ano III, N.º84


OS MASTIGANTES
– Você arranjou convite para o almoço ao Plácido de Castro?
– Não. O avança começou desta vez pelos próprios convites!
O Malho, RJ, 23 de abril de 1904, Ano III, N.º84


PLÁCIDO DE CASTRO

Dos inhospitos climas acreanos,
Depois de porfiar mezes inteiros
Em lucta contra febres e guerreiros,
Praticando prodígios sobrehumanos;

Após trabalhos ásperos e insanos,
Voltas de novo aos lares prazenteiros
Ó tu, Plácido – para os brasileiros –
Ó tu, Terrivel – para os bolivianos –

És recebido agora entre banquetes,
Ao concerto de vivas e foguetes,
Enchendo de alegria a nossa terra:

– Bem mereces por tuas aventuras
Tantos banquetes, festas e doçuras
Tu que chegas do acre duma guerra!

D. Paulo
O Malho, RJ, 23 de abril de 1904, Ano III, N.º84


A DYNASTIA DOS NERYS
– Veja lá, seu Constantino, si quando tomar conta do Amazonas, também quer avançar nos territórios do Acre!
– Que duvida! Sou irmão do Silvério em tudo... E quando a borracha nos sobe ao nariz, não contamos com desgraça!
O Malho, RJ, 4 de junho de 1904, Ano III, N.º90


A UNIÃO ENTALADA COM O AMAZONAS
Ruy Barbosa: – Ouça: a Constituição, no seu artigo...
Rio Branco: – Perdão, Exmo. Isto de Constituição é fabula. O caso do é este: os territórios do Acre custaram couro e cabelo à União. Não podem ir de mão beijada para o papo do Amazonas. Não pode!
Ruy Barbosa: – V. Ex. passa pelo assumpto como gato por brasas...
Rio Branco: – E V. Ex. puxa a brasa para a sua sardinha e o seu cliente quer tirar a sardinha com a mão do gato. Não pode!
O Malho, RJ, 11 de junho de 1904, Ano III, N.º91


PINTOR BARRADO
– Fiz as Missões, o Amapá e o Acre. Esbocei o Perú. Mas, agora, o seu Victor Emmanuel borra-me a pintura da Guyana... Podia ser peior...
O Malho, RJ, 18 de junho de 1904, Ano III, N.º92


DE BOM HUMOR, NA INTIMIDADE
Zé Povo: – Deixe lá, que o Lauro pregou-lhe duas espigas: O Walker e o caso de Santa Catharina; o Rio Branco, pregou-lhe três: - O Acre, o Peru e a mobilização da forças; o Seabra pregou-lhe quatro: - O Oswaldo, o Cardoso de Castro, o Pelino e elle mesmo...
Papai Grande: – Sim, mas eu arrumei em todas uma espiga maior: – o Bulhões!
Zé Povo: – É exacto. Eu, porém, vou agradecer a São Paulo o ter sido tão espigado... com V. Ex...
O Malho, RJ, 20 de agosto de 1904, Ano III, N.º101


DOUS PROVEITOS NÃO CABEM NO MESMO SACCO
– Aqui pr’a nós que ninguem nos ouve: foi uma espiga dos diabos esta leva de quebra-lampeões para o Acre. Eram os melhores freguezes do Paraty e do maduro...
– Não duvi; mas lucramos por outro lado: as nossas barrigas ficam menos arriscadas a servirem de bainhas para as facas daquelles patifes...
O Malho, RJ, 10 de dezembro de 1904, Ano III, N.º117


EM QUE DEU A BRINCADEIRA...
– Tanto quebramos lampiões, que agora são elles que nos levam para o Acre. Virou-se o feitiço contra o feiticeiro...
O Malho, RJ, 10 de dezembro de 1904, Ano III, N.º117


ENQUANTO O MUNDO FOR MUNDO
Estado de sitio no lar domestico, com suspensão de todas as immunidades...
A cozinheira: – Credo! Nossa Senhora! O patrão é levado... O nhônhôzinho pinta c’oa gente... Mas a patroa é pió que toda a ilha das Cobras, com o tá Acre e o tá Peru em riba...
O Malho, RJ, 10 de dezembro de 1904, Ano III, N.º117


FORMAÇÃO DO NOVO MUNDO
– Que desaforo! Mandarem mulheres para o Acre... lá para os confins do Judas, onde o diabo perdeu as botas!... Pouca vergonha! Pois não basta irem os homens?
– Não, minha filha, não basta! Aquillo é um novo Paraiso: já está cheio de Adões... só faltam as Evas... Si ellas não forem – babáo! – lá se vai o mundo da borracha por água abaixo...
O Malho, RJ, 10 de dezembro de 1904, Ano III, N.º117


INQUERITO E JULGAMENTO
– O seu nome?
– Dictadura.
– A sua idade?
– Quinze annos.
– Só?... E já tá tão gasta!...
– É por causa de uns filhos malucos, que tenho...
– O seu estado?
– De sitio!
– Onde mora?
– Não sei. Em qualquer parte...
– De quem é filha?
– De D. Ambição de Tal... Não sei quem é meu pai.
– Sei eu: é muita gente boa...
– Não duvido!
– Sabe por que é accusada?
– Sei: por tentar exercer um direito que a Constituição me garante: a liberdade de profissão...
– Ah!... E qual é a sua profissão?
– Fazer ma,horca! Pôr tudo de pernas para o ar!
– Pois, saiba que essa resposta lavrou a sua sentença. Escolha: ou Acre ou Hospicio dos Alienados...
– Prefiro o Hospicio: no Acre serei obrigada a trabalhar!
O Malho, RJ, 10 de dezembro de 1904, Ano III, N.º117


O CALDO DA BERNARDA
R. Alves: – Vê, seu Argollo! como sai caldo em penca?!
Argollo: – Estou vendo! Nunca pensei que as cannas da D. Bernarda fossem tão ricas de succo...
Chefe: – E olhe que são só as graúdas... as de bico amarello... as miúdas não entram na misturada: exportam-se para o Acre...
Seabra: – Vamos, seu Cardoso, vamos! Zé Povo está impaciente pelo caldo do relatorio... Vá mettendo a canna, depressa, que força não falta, graças a Deus. Ou vai ou racha!
Zé Povo: – Olha esse caldinho especial que saia!
O Malho, RJ, 10 de dezembro de 1904, Ano III, N.º117


O HOMEM POZ E O PERÚ DISPOZ
Rio Branco: – Oh! com os diabos! Lá se me entornou o caldo do modus-vivendi! Rais partam o estouvamento! Ahi tenho eu nova sarna para me coçar!
Militar: – Tenha paciência, barão! Foi este bicho o culpado... Eu não podia soffrer calado as suas bicadas... Defendi-me dellas!
O Malho, RJ, 10 de dezembro de 1904, Ano III, N.º117


QUEM ANDA AOS PORCOS TUDO LHE RONCA
– Gentes! Como vai esta moça toda art-nouveau e devant droit...
– Da banda do Acre, vá elle! O sinhô ‘stá muito enganado, si pensa que eu andei a quebrá os lampeão!... Tó tôlo, hein?
O Malho, RJ, 10 de dezembro de 1904, Ano III, N.º117


SUCCESSO DOS SUCCESSOS
Creoulo: – Ó seu moço lá da frente! Faz favô da apará um pouco, que eu quero vê os nome dos companhêro que fôro pô Acre!
– Nessa não caio eu. Quem quizer ler tem que vir atraz de mim. Nada! Suei o topete pra comprar um exemplar. Custa um nicoláo de tostão...
– Sim, sinhô! Tô scientes, mas não ha mais Tribuna p’ra vendê.
O Malho, RJ, 10 de dezembro de 1904, Ano III, N.º117


ESTÁ BOM, DEIXE!
R. B.: – É isto que tenho a honra de dizer a V. Ex.: O Nery do Amazonas, com as suas reclamações contra o Thaumaturgo, estraga-me os cálculos do Tratado de Petropollis...
R. A.: – Não duvido, Sr. barão, mas temos de fazer vista grossa para vivermos em paz com os nossos irmãos. Farto de barulhos ando eu!
R. B.: – A vonte de V. Ex. será feita, contanto que o Bulhões não me vá amollar depois, em Petropolis...
O Malho, RJ, 17 de dezembro de 1904, Ano III, N.º118


SITIO DA BORRACHA
– Vamos, rapaziada! Estiquem a corda para mais 30 dias!
– Prompto! Si quizer para um anno inteiro é só pedir por bocca!
O Malho, RJ, 17 de dezembro de 1904, Ano III, N.º118


PRESENTE DE GREGO
– Sr. juiz! A minha liberdade está no passo do constrangimento. V. S. será capaz de me despachar este habeas-corpus?
– Pois não! Despacho, sim... e até lhe faço presente de um passaporte de livre transito.
– Passaporte?
– Sim... para o Acre.
– Muito obrigado. Ainda não resolvi... suicidar-me.
O Malho, RJ, 17 de dezembro de 1904, Ano III, N.º118


ISSO, SIM!
– Estás vendo? O teu marido também fazia parte de uma quadrilha de ladrões.
– Mentira! mentira! mentira! Você é uma língua de trapo, sua velha coróca do diabo!
– Não tenho medo das tuas caretas! O teu marido é um homem perdido. Trata de arranjar outro!
– Não quero, não quero, não quero! Hei de punir pelo Antonho até elle sahir da ilha das Cobras...
– E si elle fôr para o Acre?
– Ah! Isso é outra conversa: faço de conta que elle morreu...
O Malho, RJ, 17 de dezembro de 1904, Ano III, N.º118


PÃO, PÃO; QUEIJO, QUEIJO!
– Antão, ó seu Tiburço! q’ando é que bócês fazem oitra rebolução?
– Eu sei lá, seu Pereira! Provavelmente, há di sê quando os chefes mandá!
– Mas, q’ando será isso, homem! Desembuche!...
– Com certeza não será mais neste governo. Fica pó ôtro que vié. Cada um há di aguentá cô uma brincadêra dessa, até as bicha pegá... Mas... p’ra que é qui seu Pereira qué sabê dessas côsa? O sinhô não tem nada cô pêxe...
– Num tenho! Ora si tanho! Abise-me bócê dessas maluquices e berá s’eu num feicho a porta... Nada! que o q’aqui’stá custou-m’o meu rico dinheirinho e não é p’ra bócês m’o lebarem fiado e eu ter de ir receber a conta no Acre...
O Malho, RJ, 17 de dezembro de 1904, Ano III, N.º118


CONFIDÊNCIAS A BORDO
– Aqui está o que nós cavamos: cá vamos para o Acre – hein? crioulo!
– Como assim?!
– Lá no Acre, nóis torna a quebrá os lampião... Seu coroné Thaumaturgo torna a mandá a gente s’embora...
– Tolo... Lá não há lampiões... não seu Vicente de Souza, nem outros cabras como elle. O que há é muito páo e muita borracha.
– Tá bom! Nóis havemo de sahi daquella borrachêra de quarqué geito: ou vivo ou morto...
O Malho, RJ, 31 de dezembro de 1904, Ano III, N.º120


PROJECTOS EM VIAGEM
– Camarada! Si nóis trabalhá no Acre, podemos ficá pôdre de rico, e podemos vi a sê uns grandão no Rio de Janeiro!
– Si acontecê isso, eu, fallo co’ seu Irinêo p’ra sê inleito deputado...
– Uê! mêmo sem sabe lê nem escrevê?
– Qui é qui tem isso? Dinhêro só faz as vez de sabedoria e tapa a bocca do mundo...
O Malho, RJ, 7 de janeiro de 1905, Ano IV, N.º121


TRAPALHADAS TELEPHONICAS
(Commercio e reportagem da policia)
Negociante: – É o Banco da Republica? Bem! Qual é o melhor cambio?
Telephone: – Está preso...
Negociante: – Que é lá isso?
Telephone: – Sim... na Brigada Policial...
Negociante: – Hein?
Telephone: – Talvez vá para a ilha das Cobras...
Negociante: – Oh! senhor! Eu quero saber do cambio!
Telephone: –Si duvidar muito, vai para o Acre...
Negociante: – Horror!
Telephone: – Vá pondo as barbas de molho, que marimbáo não é gaita!
O Malho, RJ, 21 de janeiro de 1905, Ano IV, N.º123


CONFIRA A SEGUNDA PARTE:
100 CHARGES HISTÓRICAS DO ACRE

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"Quando se sonha só, é apenas um sonho, mas quando se sonha com muitos, já é realidade. A utopia partilhada é a mola da história."
DOM HÉLDER CÂMARA


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