Os índios da tribu
catuquinas, que erram do rio Gregorio por “Athenas” e “Primavera”, seringaes
deste termo, atacaram ultimamente a dos Jaminauás, que está muito reduzida,
mataram diversos e queimaram-lhes o cupichaua, salvando-se os restantes pela
fuga.
Consta o
assassinato, pelos ditos catuquinas, de um rapaz, que, por ordem do governo,
estava catequizando-os.
Os Jaminauás
refugiaram-se nas imediações do seringal Primavera.
Há muito tempo não
se dava correria de índios por estas paragens, enquanto existiu Angelo Ferreira
da Silva, assassinado no dia 1.º de Julho de 1909, porque ele estava
catechizando-os por ordem do general Thaumaturgo e depois, do dr. Bueno de
Andrada.
Não será de
estranhar que voltem eles à vida errante que levavam, antes de os ter chamado à
si o dito Angelo.
Estas informações
nos foram ministradas pelo sr. Francisco Cruz, empregado de Primavera que se
acha nesta villa.
O Municipio, Ano
II, N.37, 11 de Junho de 1911
OS SELVICULAS NO
ALTO RIO
Há dois anos
impedem o fabrico da borracha --- URGE provindenciar
Há dois anos que o
alto Tarauacá e seus tributários nada produzem, acossados os extratores da
gomma elástica pelos selviculas. Eis a consequência resultante do traiçoeiro
assassinato do catechista por índole, o sertanejo Angelo Ferreira da Silva.
Quando cahiu varado por balas do rifle o corpo daquele intemerato catechista,
disso resultou o afastamento de perto de 600 aborigenes que viviam debaixo de
seu mando e nós prognosticamos que, em tempo não muito remoto, os próprios
assassinos haviam de se arrepender daquella crueldade. Eis as realidade de
nossas previsões.
Há dois annos está
o alto rio a braços com os indígenas, porque, sem aquelle arrimo quasi
paternal, que lhes dava Angelo Ferreira, recomeçou a faina do caboclo meio
domesticado – andar, furtar e flexar.
O governo não olha
para isto, embora mantenha repartições com o pomposo carimbo de Protecção aos
Selviculas, lançando mão para remediar o mal, de idiotas como Delfim Rosca
Freire, que desiquilibrado como todos o conhecem, em logar de ir aos altos
Tarauacá, Jordão, Formoso, Tejo e Douro, vae subindo no motogodille a remo vendendo as missangas e gêneros que recebeu para
aqueles infelizes, provocando desordens, vexando aos comerciantes e
proprietários que tem em sua companhia índios civilizados, criados desde o
berço.
Essa não é a missão
do encarregado de índios. O que lhe compete é visitar as malocas, confabular
com aquelles, apazigual-os e aconselhal-os para que não pratiquem depredações
nem furtos.
Os freguezes que
acima citamos vivem nos barracões dos patrões, para se defenderem do rifle dos
selviculas que, em numero superior a 300, andam matando e furtando, guiados por
civilizados especuladores. A producção da gomma elástica, neste rio, no
corrente anno, será diminuta, porque, para corroborar a crise, veiu a
depredação indígena.
Urge providenciar.
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